• Administração hospitalar

Caminhos que transformam a gestão da saúde

15.10.2025

Vice-presidente de um grupo de hospitais, a trajetória de Flávio Mendes é marcada por escolhas ousadas, disciplina e uma inquietação constante diante dos desafios do setor de saúde. Hoje, atuando na gestão estratégica do Grupo Blanc, ele reflete sobre como o Mestrado Profissional em Gestão para Competitividade da FGV EAESP foi decisivo para lapidar sua visão de mundo e agregar em sua carreira.

Como tudo começou

O primeiro contato de Flávio com o universo hospitalar foi quase por acaso. Aos 18 anos, conseguiu um emprego no Hospital São Camilo e se encantou com o ambiente dinâmico que reunia diferentes áreas, da hotelaria à nutrição, sempre em diálogo com a medicina. Essa “queda de paraquedas” no setor, como ele define, abriu caminho para uma paixão pela operação hospitalar.

Curioso e determinado, passou sete anos no São Camilo. A competitividade do setor e a convivência com profissionais experientes o motivaram a buscar novos horizontes. Depois de 15 anos na gestão hospitalar, decidiu atravessar o balcão para entender o outro lado do sistema: as operadoras de saúde.

A visão do outro lado: operadoras de saúde

No Bradesco Saúde, onde permaneceu por 11 anos, mergulhou nas complexas relações entre hospitais e planos, compreendendo os dilemas de sustentabilidade que desafiam o setor. Essa vivência consolidou em Flávio a convicção de que o modelo tradicional de remuneração hospitalar é insustentável. Foi nesse contexto que surgiu a oportunidade de ingressar no Grupo Blanc, onde passou a contribuir para a construção de soluções em saúde com foco nas cirurgias eletivas.

O diagnóstico sobre o sistema de saúde no Brasil

Flávio é categórico ao avaliar a realidade brasileira: o modelo de gestão hospitalar atual, baseado em uma lógica de remuneração ultrapassada, está esgotado. Ele lembra que essa insustentabilidade se arrasta há pelo menos 20 anos. “A falta de eficiência e efetividade nas operações impede que as operadoras cresçam de forma competitiva”, explica.

Apesar de o Brasil contar com uma população numerosa e com grande demanda por acesso à saúde, os números da saúde suplementar não acompanham esse potencial. O setor cresce de forma tímida — quando cresce — justamente porque não consegue oferecer soluções sustentáveis que permitam o acesso a mais pessoas.

Para Flávio, enfrentar esse problema é mais do que uma questão de gestão: é uma urgência social. O novo modelo precisa equilibrar custos e resultados, garantindo a continuidade do sistema e expandindo o alcance da saúde suplementar.

O mestrado na FGV EAESP

O divisor de águas aconteceu em 2020, quando Flávio decidiu ingressar no Mestrado Profissional em Gestão de Saúde da FGV EAESP. Na época, era superintendente no Bradesco Saúde e buscava aprofundar academicamente as inquietações que acumulava ao longo da carreira. “O mestrado intensificou minhas convicções e me fez olhar para a saúde com lentes ainda mais críticas e transformadoras”, relembra.

A transição para o Grupo Blanc, em meio ao curso, trouxe novos desafios: ele precisou mudar o tema do Trabalho Aplicado do mestrado, já em estágio avançado, e recomeçar uma pesquisa aplicada do zero. O esforço valeu a pena. Após ingressar como Chief Commercial Officer, Flávio assumiu a vice-presidência da empresa.

Teoria e prática que se encontram

Na avaliação dele, o diferencial do mestrado esteve na união entre rigor acadêmico e experiência prática dos professores, que superou expectativas. “As ferramentas que aprendi na FGV eu aplico todos os dias. Minha postura como executivo mudou consideravelmente com tudo que absorvi do mestrado”, afirma. A formação também abriu portas: convites para palestras, participação em conferências e maior reconhecimento no mercado.

Flávio se diz tão conectado à FGV que já planeja o próximo passo: o doutorado. “Me sentiria traindo a instituição se fizesse em outro lugar. O acolhimento foi tão grande, o grupo é tão unido, que não me vejo fora daqui”, comenta, entre risos.

Um conselho para quem quer transformar o setor

Aos novos alunos e profissionais que cogitam seguir esse caminho, Flávio deixa um conselho: “Tenha disciplina e intensidade. Vá fundo, não fique no superficial. Em tempos de excesso de informação e inteligência artificial, o senso crítico é o que nos diferencia. Só com estudo, prática e mão na massa conseguimos transformar o sistema de saúde.”

Sua trajetória é exemplo de como o conhecimento, aliado à coragem para mudar de rota, pode abrir portas e criar impacto real em setores que pedem renovação. Um convite à reflexão – e à ação – para quem acredita que a gestão é capaz de salvar vidas.

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