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Zezé: a história de um dos funcionários mais queridos dos 70 anos de EAESP

11.10.2024

 

Entrevistamos uma das figuras mais icônicas e queridas da nossa Escola para contar um pouco da sua história de vida e trajetória nesses quase 20 anos de casa

Marcelo F. Salvatico

 

Quase que unanimidade nas homenagens de colação de grau, o querido Eliézer, ou como todos conhecem, Zezé, é uma das principais figuras dos 70 anos da FGV EAESP. Sempre atencioso, prestativo e eficiente, Zezé carrega consigo os valores da Escola e é um exemplo de como a EAESP transformou sua vida por completo.

“Quando eu entrei na EAESP eu não tinha um norte, não tinha muito ânimo para as coisas. Hoje eu me sinto um cara importante”, nos contou Zezé.

Entrevistamos esse ícone da Escola e trouxemos aqui um pouco da sua trajetória na casa e de sua história de vida.

 

O segurança que virou bedel

Eliézer de Oliveira Fidêncio veio trabalhar na EAESP em 2003, como vigilante. Antes, trabalhou como líder de segurança numa rede de supermercado, mas com a falência da mesma, veio parar na Fundação.

Enquanto estava na espera por alguma vaga para sua recolocação, apareceram duas opções: o Hospital Samaritano e a FGV. Como já tinha trabalhado no Hospital, mas não curtiu muito, decidiu topar o novo desafio de ir para a GV.

“Eu vou nessa GV aí, vamos ver o que é”.

Em sem início aqui, como ele diz, “batia cabeça” com a estátua da entrada social, local no qual ficava. Devido à sua proatividade, o colocaram na portaria de serviço, onde teve mais contatos com diversas atividades internas da GV.

Após alguns problemas no estacionamento, foi colocado de segurança na Itapeva 432. E assim começava a sequência de eventos que fariam Eliézer se tornar uma das figuras mais queridas dentro da EAESP.

Com a mudança de local, ele ficou mais próximo dos alunos. A relação que começara com cumprimentos, um bom dia pra cá, uma boa tarde para lá, uma pergunta de “tudo bem com você?”, se tornou uma grande amizade.

Os alunos, que começaram a ter mais contato com ele, achavam complicado chamar Eliézer sempre de Eliézer. Foi aí então que nasceu o Zezé. O Zezé da Atlética. O Zezé A.A.A. GV. Assim como muitos estudantes ganham um apelido na fase universitária, com nosso personagem não foi diferente.

Daí em diante, já inserido na comunidade GVniana, Zezé continuou na área da segurança até 2006.

Mesmo num cargo que muitas vezes passa um tom de seriedade e rispidez, Zezé nunca deixou de se mostrar alguém acolhedor e prestativo. Ele conta que aprendeu isso em um curso de atendimento ao cliente, onde lhe ensinaram a ser sério e manter a postura, mas também sendo eficiente e responsável.

E foi com essa responsabilidade e prestatividade que uma oportunidade única bateu à porta dele.

Certo dia, ao parar seu carro na cancela do estacionamento, o professor Carlos Copia, então coordenador da Diretoria de Operações, questionou Zezé: “você é feliz na sua função?”. Ele disse que sim.

O professor insistiu: “mas você não tem vontade de sair daí? Ir para outro cargo?”. Zezé disse que, se surgisse a oportunidade, gostaria. Mas como não tinha feito faculdade, e pensou: “como que eu entraria na Fundação Getulio Vargas?”.

Apesar desse fator, o prof. Copia pediu um currículo e Zezé o entregou. Sem acreditar que isso acabaria em algo de fato, um dia o telefone dele tocou, um número restrito. Não era de atender nessas ocasiões, mas como estava insistindo, decidiu atender.

Era o RH, o convocando para participar de um processo seletivo para bedel. Até lá, Zezé contou que nem sabia o que era um bedel.

Ele topou participar do processo, e mandou bem em todas as fases. Seu supervisor da época desacreditava que conseguiria, mas ele se esforçou, encontrou formas de participar mesmo com etapas do processo em horário de trabalho, e recebeu a grande notícia do RH: “você está contratado, será nosso bedel”.

Além do professor, Maria Dolores, que trabalhava na contratação dos bedéis, foi uma figura muito importante na visão de Zezé durante este processo, tanto pela oportunidade quanto pela confiança depositada.

Zezé, hoje pai de família, nos contou ao lembrar dessa promoção que começou a trabalhar muito novo. Desde os 8 anos de idade, já trabalhava na feira e empurrava carrinho de cachorro quente com o avô.

Nascido em São Paulo, na Zona Leste e filho mais velho de uma família com outras duas irmãs pequenas, ajudava a mãe com o que ganhava, já que o pai estava com problemas de saúde e não podia trabalhar.

Com isso enraizado, ele sabia que, mesmo com o novo cargo, não devia apenas deixar o cargo de segurança pela porta dos fundos. Dos 12 dias que teria até começar como bedel, usou 7 para auxiliar alguém que ficaria em sua função.

 

O preferido dos alunos

Zezé não é um dos principais atores dos 70 anos da EAESP à toa. Ele foi o primeiro funcionário terceirizado a ser homenageado em uma colação de grau, quando ainda era segurança.

Desde então, se as contas não falharam pois são muitas homenagens, Zezé nos dá um número total de 25 placas recebidas em colações de grau.

“É um pessoal que se torna família. Você se preocupa com o pessoal, porque o bedel não é só abrir e fechar uma porta de sala”, comentou Zezé sobre ser tantas vezes homenageado.

E realmente Zezé demonstra esse carinho. Sempre preocupado com o bem-estar dos alunos, aquele “paizão”. Conversa, pergunta sobre o dia, como foi o final de semana, sabe data de aniversário, dá conselhos... Aquela pessoa que faz a diferença na rotina exaustiva do universitário.

 

GVniano raiz?

Entre as brincadeiras com os alunos e colegas da casa, Zezé sempre ouvia que ainda faltava uma coisa. Ele havia nascido para ser GVniano, segundo os alunos, mas ainda não era GVniano “raiz”.

Foi então em 2018 que ele começou a fazer faculdade na FGV, a graduação tecnóloga em Administração de Empresas em Processos Gerenciais

Em três anos e sem nenhuma “DP”, se formou. Com o apoio de sua esposa, que foi essencial neste período, atingiu mais um marco em sua carreira. Agora GVniano raiz, fez ainda mais cursos de curta e média duração, e tem em torno de 14 certificados.

Com a educação superior de qualidade, teve a oportunidade de subir um degrau dentro da EAESP, e é, há um ano e meio, coordenador de salas e supervisor dos bedéis.

Deste novo cargo, ele agradece muito à Vanessa Silva, Vera Mourão e ao Humberto Lopes, que foram grandes responsáveis por incentivá-lo e trazê-lo para a nova função.

Para o futuro, almeja um MBA de gestão de pessoas, e sabemos que é questão de tempo para conquistar isso também.

Zezé reafirma por diversas vezes que se identifica muito com a FGV, ama a fundação e ama estar aqui.

 

Nosso querido Zezé se casou com sua esposa Aline em 2013, e no ano seguinte nasceu outro apaixonado pela GV: seu filho Enrico.

Segundo ele, o pequeno é “jacarézinho”, vidrado nas cores preto e amarelo da Atlética. Acompanha o pai nas homenagens sempre.

No segundo semestre desse ano, outro grande marco na vida do Eliézer: a compra de um apartamento.

“É uma oportunidade que ela [FGV] me deu, porque tudo que eu olho em casa, eu devo à GV. A GV me proporcionou um portão. E a pessoa não deve nunca desacreditar. Porque se eu fosse desistir ou desanimar com as coisas que uma ou outra pessoa fala, eu não estaria onde eu estou hoje” – Zezé

Por fim, ele nos disse uma frase que marca bem o que é sua trajetória aqui, e que serve para todos que almejam algo grande para vida.

"A vida se encolhe ou se expande, em proporção à sua coragem"

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