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FGV Ventures e o passado, presente e futuro do empreendedorismo na EAESP 

27.12.2024

Nesta edição da editoria do FGV Empreende entrevistamos três figuras do empreendedorismo na EAESP para contar como o viés empreendedor se desenvolveu nas últimas décadas aqui dentro.

Quem vê hoje o ecossistema empreendedor da FGV EAESP não imagina que, no começo deste século, ele ainda engatinhava. Não só aqui dentro, mas no cenário nacional, as startups não eram “moda”.  

Até 2018 não havia “startups” unicórnio (aquelas com valorização de mercado acima de U$ 1 bilhão) no Brasil, e hoje são mais de 30. 

Um dos responsáveis pela valorização do empreendedorismo na EAESP é a FGV Ventures, nossa aceleradora de startups, que já conta com quase R$ 60 milhões investidos em mais de 50 startups.  

Criada a partir do projeto de conclusão de curso de um aluno, a FGV Ventures já mudou bastante, e mudou também a vida das 17 turmas que passaram pelos “batches” e pelos “demodays”.  

O “batch”, do inglês “lote” ou “fornada”, representa a turma de startups que farão parte do programa naquele período, enquanto o “demoday” é o dia em que são apresentados os pitches finais para a banca de investidores. 

Conversamos com Rafael Belmonte (CGAE 2012), que é “30 Under 30” da Forbes e um dos fundadores da FGV Ventures, com o professor Gilberto Sarfati, coordenador do Mestrado Profissional em Gestão para a Competitividade e também fundador da Ventures, e com Luciana Padovez professora de empreendedorismo na FGV EAESP e diretora da Ventures. 

Criação da “GVentures” 

No início dos anos 2000, nem a FGV e nem o Brasil estavam avançados no empreendedorismo, mas, como uma forma de antecipar o que se tornaria tendência, a EAESP colocou em sua grade curricular a disciplina de empreendedorismo.  

Em 2008, Gilberto Sarfati se tornou o primeiro professor contratado para uma disciplina deste tipo. Apesar de já existirem pessoas na Escola que lecionavam ou estudavam o tema, naquele ano houve o primeiro concurso para um professor da área. 

No mesmo ano, Rafael Belmonte entrou no curso de Administração de Empresas. Fascinado pelo empreendedorismo, sempre quis ter sua própria empresa e conta que durante a graduação chegou a projetar de 4 a 5 empresas. Uma delas, que inclusive foi seu projeto de TCC, é a Netshow.me, empresa que existe e prospera até os dias atuais. 

"Sempre tive o interesse de fazer GV para construir minha própria empresa assim, meu objetivo, sempre foi empreender desde a largada. Encontrei na GV uma base que pudesse me dar solidez para seguir esse meu caminho”, conta Rafael. 

Apesar da base de excelência que a FGV oferecia, Rafael sentiu que faltava a prática empreendedora na EAESP. Isso acendeu a fagulha empreendedora nele, em Daniel Arcoverde, Guilherme Pinho e Rafael Matioli, que decidiram criar a aceleradora de startups dos alunos na FGV: a “GVentures”. 

Inicialmente, o projeto fazia parte do TCC de Rafael Matioli, que era de uma incubadora de startups. O professor Gilberto também foi chamado para fazer parte da GVentures e ajudou em seu desenvolvimento desde o início. 

Como explica Sarfati, a diferença entre incubadora e aceleradora é que: “aceleradora é caracterizada por turmas, os “batches”, programas que tem começo, meio e fim. Além disso, tem uma parte educacional, por meio de mentorias e terminam no Demoday. A incubadora é muito mais ligada ao espaço físico disponibilizado pelas universidades para as atividades da startup”. 

Enquanto era desenhada, Sarfati conta que a Ventures, como aceleradora, seria um programa mais curto, direcionado e eficaz no fomento da atividade empreendedora. 

A aceleradora incentivava que pelo menos um dos sócios dos projetos fosse GVniano, seja aluno ou  fosse alumni, mas com o passar do tempo, foram abertas as portas para qualquer startup em estágio inicial. 

Ecossistema empreendedor 

Como o próprio Rafael Belmonte resume, as palavras-chave que resumem a Ventures são “ecossistema” e “legado” e elas dizem muito sobre a criação de outro programa-irmão, o GVAngels. 

Primeira rede de investidores-anjo formada por alumni do Brasil, o GVAngels nasceu em 2017 e investe em startups em estágio inicial, casando seu objetivo diretamente com o que faz a FGV Ventures. 

Ao contrário do cenário no início do século, o mercado brasileiro se volta muito mais para as startups. 

"Se formos lá para trás, quando eu trabalhava no mercado de Venture Capital, havia um grupo muito pequeno que fazia investimentos no começo dos anos 2000”, conta o professor Sarfati. 

O Brasil também se torna um ambiente mais favorável e estável para o desenvolvimento de startups. 

"Há um movimento onde se aceita mais esse tipo de organização, contrapondo o ponto de vista de uma cultura tradicional brasileira avessa ao risco. Empreendedorismo por definição é abraçar o risco. Apesar das adversidades, quanto mais somos uma economia estável, mais se promove uma atividade empreendedora", diz Sarfati. 

Com a Ventures e o Angels, a FGV EAESP se torna pioneira na criação de um ecossistema empreendedor, que valoriza e incentiva cada vez mais a propagação da inovação a partir do empreendedorismo no meio universitário. 

Por que na universidade? 

Mostrando o quanto evoluímos na temática empreendedora, hoje uma das disciplinas ministradas no curso de Administração de Empresas é a “Experiência Empreendedora”.  

Na disciplina, o aluno não fica só na teoria e passa por todas as fases da criação de um negócio na prática.  

Mas por que é tão importante que se fomente o empreendedorismo na prática dentro das universidades?  

Dona de um currículo recheado de teoria e prática empreendedora, a professora da disciplina e diretora da Ventures, Luciana Padovez, explicou um pouco as razões das universidades serem o local propício para iniciar o empreendedorismo. 

“Primeiro tem a questão da idade, são pessoas mais jovens que tem uma certa segurança, economicamente falando. Tem mais energia, fisicamente falando e estão numa fase de testar, aprender, se descobrir. Acho que quando o empreendedorismo é ensinado na faculdade, há muitas vantagens, como aqui na FGV, que temos uma estrutura que o aluno é apoiado caso ele erre. Já que empreender envolve risco de erro, normalmente eles vão acontecer, é bom a gente errar “certo”, errar rápido, não bater cabeça na mesma ideia”, diz Luciana. 

Ela também complementa falando sobre a base teórica que os professores dão, estando disponíveis para que os alunos possam tirar dúvidas sobre empreendedorismo, modelo de negócios e outros questionamentos. 

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