• Politicas Públicas

Alumni impactanto o mundo

17.04.2023

Por Iamara Caroline – Equipe Alumni.

Neste espaço, contamos histórias de transformação e impacto protagonizadas por gente da nossa rede. Essa é uma forma da comunidade conhecer outros membros, e ao mesmo tempo, divulgar trabalhos que merecem os holofotes. 

Esta edição traz uma entrevista com a alumna Nina Rentel Scheliga (CGAP 2016). Nina é uma inspiração para muitos jovens brasileiros que buscam causar impacto social em suas comunidades. Sua dedicação e trabalho árduo na Gerando Falcões ajudaram a mudar a vida de muitos jovens e a construir um futuro melhor para as comunidades em situação de vulnerabilidade socioeconômica no Brasil. Confira a entrevista:

Nina, conte um pouco sobre você e como começou sua trajetória pelo terceiro setor e empreendedorismo de impacto e como a sua experiência na FGV contribui?

A minha trajetória começa um pouco antes da FGV, pois eu já havia me graduado em Ciências Políticas na Carleton University no Canadá. Desde as minhas primeiras escolhas de carreira eu já sabia que queria trabalhar para transformar o mundo. Após minha primeira graduação, essa visão “um pouco ingênua” se transformou em um foco de carreira, trabalhar no Brasil com impacto social na ponta. Voltei ao Brasil para atuar no terceiro setor e busquei a formação de Administração Pública na FGV para agregar nessa trajetória. Durante toda graduação trabalhei na organização TETO Brasil que atua em Favelas do Brasil e da América Latina. Fui responsável pela área de programas sociais e mais tarde assumi a Direção Executiva da organização. Em 2020 me juntei à Gerando Falcões, buscando diversificar minha trajetória e conhecer novas formas de gestão de organizações no terceiro setor e conectadas a minha temática de atuação: combate à pobreza e desenvolvimento comunitário. Hoje sou diretora de Tecnologias Sociais e responsável pelo programa Favela 3D, um programa de transformação sistêmica das favelas para acabar com a pobreza. Em todos esses momentos a formação da FGV esteve presente. Seja na capacidade de compreensão e análise de problemas complexos, construção de soluções de forma participativa e principalmente na conexão com o governo na busca por melhores políticas públicas e inovações que possam nos levar a soluções mais ágeis e eficazes contra a pobreza nas favelas. Hoje lidero também a frente de Relações Governamentais junto com o CEO da Gerando Falcões, Edu Lyra, e a minha equipe. São a partir dos conteúdos, das imersões e da construção de visão crítica que recebemos na graduação na FGV que hoje sou capaz de propor soluções e provocar os governos a atuarem em conjunto com a gente nessa missão tão relevante para o país.

Segundo o fundador Edu Lyra, o projeto favela 3D é o mais ambicioso da Gerando Falcões, que é exemplo de instituição de filantropia. Vocês sonham com a favela sendo vista, um dia, somente nos museus. Qual é o plano de desfavelamento do Brasil e como pretendem colocá-lo em prática?

Sim, o projeto Favela 3D é ambicioso. Sonhamos em criar as melhores soluções e efetivamente transformar a pobreza da favela em peça de museu antes de marte ser colonizado. Isso porque acreditamos que precisamos superar a pobreza e deixá-la apenas como algo a ser lembrado que nunca deveria ter existido. Porém a gente acredita na favela como potência, como berço de soluções e inovações que precisam ser destacadas, potencializadas e aceleradas nesse processo. Mais do que um plano de desfavelização é um plano de transformação sistêmica das favelas, triando dali a pobreza. Buscamos engajar governos, empresas, sociedade civil e todas as favelas nesse processo para encontrar as melhores soluções para os desafios desse processo.

Nosso plano para acabar com a pobreza das favelas do Brasil parte do pressuposto que não iremos atingir esse objetivo sozinhos. Precisamos de toda sociedade trazendo o melhor de si para o processo e criar um grande ecossistema de transformação social que é capaz de orquestrar as soluções para as transformações necessárias. Nós temos um objetivo próprio de fazer 1000 Favelas 3D nos próximos 10 anos. Para isso estamos trabalhando com a nossa Rede de Líderes da Gerando Falcões. Hoje são mais de 1300 líderes formado e mais 2000 em formação que estão se fortalecendo para acabar com a pobreza nas favelas em que atuam. Estamos usando os nossos pilotos atuais para criar conhecimento e tecnologias que poderão ser escaladas pela nossa rede e quem tiver interesse. Alguns fatores são primordiais para podermos alcançar nosso objetivo: aprendizagens e boas práticas que gerem conhecimento rápido para evoluirmos com inovação e soluções assertivas; dados e tecnologia vão nos dar a capacidade de levar as soluções para todas as nossas favelas e ser capaz de medir e acompanhar o resultado de forma ágil; e parcerias com todos os setores da sociedade para garantir o financiamento e a capilaridade necessária para fazer as transformações em todos as favelas.

O ser humano transforma o seu entorno e vice-versa. Nas suas vivências nesses anos encabeçando transformações no terceiro setor, o que mudou na Nina e o que mais você gostaria de ver transformado, seja em você ou ao seu redor?  

Acredito que em mais de uma década de atuação em favelas no Brasil com organizações do terceiro setor eu amadureci a minha visão sobre o desafio e o papel da sociedade na sua solução. O que mais me ensinou foi estar sempre imersa nos territórios que trabalho conversando com os moradores, com as famílias que estão todos os dias buscando suas próprias soluções e inovações para garantir um futuro mais digno para sua família. Na FGV aprendemos a valorizar essa construção coletiva para políticas públicas de qualidade que dialogassem com a população e eu tive o privilégio de trabalhar em organizações onde essa é a premissa. Acredito que essas vivências me mostram que o caminho para as soluções são de baixo para cima e dentro para fora, a favela no centro de tudo. No momento que construímos um arcabouço de políticas públicas e de sociedade que possibilitam a conexão das soluções que são criadas a partir do próprio território aumentamos a probabilidade de sucesso infinitamente. É preciso cuidar para não esquecer esse princípio independente do contexto e do cargo que ocupamos.

Poder atuar diariamente na construção de soluções como essas e pautar atores estratégicos no planejamento do nosso país tem sido uma alegria diária. Vejo que ainda temos um grande caminho pela frente para fortalecermos a colaboração de governos, empresas e a sociedade civil em torno da pauta de desigualdade do país. Ainda gostaria de ver uma sociedade com pactos sociais fortes e duradouros para podermos de fato mudar a realidade das favelas do nosso país.

A Gerando Falcões enfatiza o pobre no centro das decisões, olhando o que ele precisa e não o que querem oferecer. De que forma quem está nos lendo pode ajudar nesse processo e participar desse ciclo do bem?

Nós criamos o plano de transformação da favela em conjunto com a favela a partir de dados e espaços de construção coletiva. A partir daí fazemos um exercício de conectar as políticas públicas locais e as melhores soluções disponíveis para cada temática. Na metodologia do Favela 3D trabalhamos o urbanismo social e moradia digna, meio ambiente, renda, educação, primeira infância, cidadania e cultura de paz, saúde, empoderamento feminino e cultura, esporte e lazer. Para todas essas temáticas estamos sempre buscando as maiores inovações para integrar aos planos construídos em cada favela do Brasil. Termos colaboradores e parceiros com conhecimento específico de cada uma dessas área é o que tem nos trazido a um patamar de inovação de sucesso. Estamos sempre buscando essas conexões de conhecimento e investimentos. Quem se interessar, junte se a nós e contribua com o fim da pobreza nas favelas do Brasil em gerandofalcoes.com. Tamojunto!

 

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