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Aula Magna de Doutorado Profissional em Administração discute finanças climáticas e sustentabilidade

17.12.2024

O Doutorado Profissional em Administração (DPA) da Escola de Administração de Empresas de São Paulo (FGV EAESP) iniciou suas atividades para a turma de 2025 com uma aula inaugural que colocou em evidência temas de fronteira: riscos socioambientais e a transição para uma economia mais sustentável. A ocasião contou com as contribuições de especialistas renomados, como Enrico Dalla Riva, especialista em riscos socioambientais no Banco Central, e Talita Pinto, coordenadora do Observatório de Bioeconomia da FGV.

Enrico Dalla Riva: a urgência do financiamento climático

Com mais de 20 anos de experiência no Banco Central, Enrico Dalla Riva trouxe uma visão pragmática sobre a evolução do conceito de riscos socioambientais no sistema financeiro. Em sua palestra “Climate Finance”, ele destacou a importância de direcionar recursos para mitigar as mudanças climáticas. “Investimos apenas um terço do que é necessário para combater as mudanças climáticas. O custo de não fazer nada é muito maior do que investir em adaptação, recursos e prevenções”, afirmou.

Enrico também abordou exemplos concretos, como as enchentes recentes no Rio Grande do Sul, para ilustrar o impacto da falta de preparação e adaptação. Segundo ele, o setor financeiro está se adaptando, com avanços regulatórios e engajamento de acionistas. Contudo, é necessário que líderes corporativos assumam a responsabilidade de incorporar esses riscos no dia a dia das organizações. “As organizações precisam entender sua parcela de responsabilidade e não esperar por regulação ou ações externas”, enfatizou.

Talita Pinto: o setor financeiro como motor da descarbonização

Talita Pinto destacou o papel crucial das instituições financeiras no alcance das metas climáticas globais, como a neutralidade de carbono até 2050. Em sua palestra, abordou iniciativas como a Net Zero Banking Alliance, que compromete instituições financeiras a alinhar suas atividades de empréstimos e investimentos aos objetivos climáticos globais.

A coordenadora do Observatório de Bioeconomia da FGV ressaltou também as oportunidades do Brasil nesse cenário. Com um agronegócio que representa cerca de um quarto do PIB nacional, Talita argumentou que é essencial valorizar os ativos verdes do país e criar incentivos financeiros para fomentar uma economia mais sustentável. “O Brasil é um grande mix de desigualdade e riquezas ambientais. Precisamos pensar o financiamento como uma possibilidade de gerar incentivo para o desenvolvimento sustentável”, explicou.

A conexão entre academia e mercado

Ambos os especialistas reforçaram o papel da FGV como um elo entre a academia e o mercado. Talita destacou a importância de iniciativas que aproximem os dois universos: “A FGV conecta o mercado, que busca soluções práticas, à academia, que oferece análises fundamentadas e trajetórias sustentáveis”.

Depoimentos e boas-vindas

Damos as boas-vindas à turma do DPA 2025 e celebramos o início dessa nova jornada acadêmica. Contudo, não podemos deixar de notar que esta turma conta com apenas uma mulher, o que evidencia um importante desafio: ampliar a diversidade em nosso programa. Reconhecemos a necessidade de tornar o DPA mais inclusivo e representativo, e estamos comprometidos com iniciativas que avancem nesse sentido. Uma delas é o grupo WDBA, formado por doutoras e doutorandas do programa, que promove apoio, networking e a valorização da representatividade feminina em nossa instituição e no mercado. Além disso, há o DBA Club, uma iniciativa da rede Alumni FGV EAESP para os alumni do programa. 

Após as palestras, os novos alunos tiveram a oportunidade de ouvir depoimentos de alumni e doutorandos do DPA, como Mel Girão, Sandro Benelli e Maximiliano Carlomagno, que compartilharam suas experiências e os impactos do doutorado em suas trajetórias profissionais. O encontro foi encerrado com as boas-vindas do novo coordenador do curso, professor Paul Ferreira, que reforçou o compromisso do DPA em formar líderes capazes de enfrentar os desafios contemporâneos com uma visão integrada entre ciência, mercado e sustentabilidade.

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