Transformação Digital

Transformação Digital

1. CONTEXTO

A Tecnologia de Informação (TI) sempre esteve em evolução desde o seu surgimento, tanto na sua oferta como no seu uso pelas organizações. Esta evolução apresenta ciclos claros de inovação digital que levam a ciclos de inovação de produtos e serviços digitais, que por sua vez permitem ciclos de inovação de seu uso pelas organizações.

As evoluções e ciclos de inovação digital levaram ao cenário atual no qual várias tecnologias surgiram e estão em expansão e consolidação, com grande potencial para as organizações e indivíduos. A visão mais cética pode considerar como mais uma onda de promessas, a visão mais otimista a considera como um novo ciclo de inovação, tanto digital como de processos de negócio e sociais.

Certamente, não é adequado o uso de tecnologia justificado apenas pela própria tecnologia, mas sim seu uso em benefício das organizações e dos indivíduos, da sociedade como um todo. Desta forma, a tecnologia teve sua evolução e inovação para atender as necessidades da sociedade na sua própria evolução. Nos ambientes sociais e de negócios, a evolução propiciou, exigiu e se utilizou da evolução da tecnologia.

 Neste contexto, este projeto de pesquisa trata Transformação Digital como a aplicação de inovação digital para gerar valor para a sociedade e para os negócios.

 

2. TRANFORMAÇÃO DIGITAL

Transformação Digital pode ser entendida como o uso de inovação digital para realizar algo novo, diferente e melhor. No limite, pode ser um novo uso de tecnologia já assimilada de forma inovadora. O foco pode ser processo, produto, modelo de negócio e relacionamento interno e externo.

Inovação Digital inclui uma nova tecnologia disponível para ser assimilada pela sociedade e empresas, evolução de uma anterior ou totalmente nova. A assimilação considera a situação de cada empresa ou ambiente e depende das características e requisitos de cada tecnologia.

Com esta amplitude, Transformação Digital tem que ser entendida também de forma ampla, em especial considerando a oferta de tecnologia atual e futura, a demanda por suas funcionalidades e o próprio ambiente onde ela está inserida. A figura 1 apresenta esta composição de dimensões que deve ter equilíbrio e coerência, sob pena de comprometer o desenvolvimento, consolidação e efetivação da Transformação Digital.


Figura 1 – Dimensões de Transformação Digital

 

Esta visão ampla permite entender a complexidade inerente a Transformação Digital ao mesmo tempo que contribui para a estruturação dos estudos e pesquisa nesta área.

2.1. Oferta, Demanda e Ambiente

A inovação digital pode ser representada pela Oferta de hardware, software, redes e serviços associados deve ser estudada na disponibilidade e assimilação atual, bem como pelas tendências, que são influenciadas e influenciam a demanda (Albertin; Albertin, 20171) A figura 2.2 apresenta esta composição da oferta.


Figura 2 - Oferta

 

A Transformação Digital ocorrerá com a assimilação das inovações digitais ofertadas direta ou indiretamente para a sociedade e organizações.

A demanda por inovação digital, que definirá a sua aceitação, assimilação e utilização, vem e virá da iniciativa privada e suas empresas; da iniciativa pública e suas iniciativas nos níveis municipal, estadual e nacional; e da sociedade, em especial dos seus indivíduos e relações. A figura 3 apresenta esta composição da demanda.


Figura 3 - Demanda

 

A demanda por Transformação Digital será definida pelo conjunto de necessidades destes seus componentes, que estarão relacionados entre si.

Transformação Digital acontecerá num ambiente que influenciará e será influenciado nas suas forças, comportamentos e papéis, incluindo governo, iniciativa privada, sociedade e economia. A figura 4 apresenta esta composição do ambiente.


Figura 4 - Ambiente

 

O governo faz parte do ambiente assumindo papéis tais como regulador, incentivador e demandante. A iniciativa privada, para atender suas características e seus interesses, atuará no ambiente de Transformação Digital. A sociedade deve ser atendida, estar preparada, ser respeitada e participar no ambiente de Transformação Digital. A economia, com suas forças, pode garantir e restringir as iniciativas neste ambiente de Transformação Digital.

2.2. Verticais e Horizontais

A amplitude de Transformação Digital exige que esta seja estudada considerando pelo menos duas dimensões: vertical, setores da economia, áreas e iniciativas específicas que podem ter algum valor adicionado pela Transformação Digital; e horizontal, aspectos que estão relacionados em alguma medida com todos os produtos e serviços digitais disponíveis para todos os setores para a realização da Transformação Digital. A figura 5 apresenta estas dimensões.


Figura 5 – Verticais e Horizontais de Transformação Digital

 

Certamente, respeitar estas dimensões não significa que não deve ser considerada e também estudada a relação que existe entre as verticais e as horizontais, bem como entre as dimensões.

As verticais representam as Oportunidades e as horizontais os Viabilizadores da Transformação Digital.

3. Dimensões do uso de tecnologia de informação

As organizações devem definir suas diretrizes, estratégias e operacionalização, considerando o contexto em que atuam, aproveitando as oportunidades e vencendo os desafios apresentados. Neste cenário, a TI é um dos componentes organizacionais mais importantes e tem permeado praticamente todas as ações internas e externas. O uso de TI pode ser melhor entendido com o uso das Dimensões do Uso de Tecnologia de Informação (Albertin; Albertin, 2016), apresentadas na figura 6.


Figura 6 – Dimensões do Uso de Tecnologia de Informação

 

O uso de TI também deve considerar o contexto, definido neste artigo pelos direcionadores das respostas organizacionais e do uso de TI, incluindo as pressões de mercado, organizacionais, de indivíduo e da própria tecnologia. O valor que a TI poderá agregar à organização está diretamente relacionado com a qualidade do estudo destes direcionadores.

O uso de TI também será determinado pela visão e o valor que esta tecnologia tem para a empresa, assim como pelas várias aplicações de TI que estão à disposição das organizações: infraestrutura, transacional, informacional e estratégico (Weill e Broadbent, 19982), com seus respectivos benefícios de redução de custo, aumento de produtividade, melhoria da qualidade, possibilidade de flexibilidade e viabilização de inovação. Estas aplicações têm níveis diferentes de reconfiguração de negócio, dependendo da necessidade definida pelos direcionadores. No nível mais elevado, a TI pode contribuir de forma definitiva para a criação de novos modelos de negócio.

As organizações dependem de certos requisitos para garantirem seu sucesso, que podem ser alcançados com a utilização de TI. O uso de TI oferece benefícios para os negócios que incluem custo, produtividade, qualidade, flexibilidade e inovação, e cada uso tem uma composição própria destes benefícios. O desafio das organizações é determinar o mais precisamente possível quais os realmente ofertados e desejados, pois essa identificação será a base para a confirmação desses benefícios no desempenho empresarial.

O desempenho empresarial certamente tem sido afetado pelo uso de TI, porém a maneira que isto ocorre depende da perspectiva usada na relação entre a organização e a TI, que pode ser desde a consideração de TI como simples decorrência das diretrizes organizacionais, até a TI como facilitadora e fornecedora de inovações de negócio. Estas perspectivas determinam o valor que é dado e que se espera do uso de TI. O desempenho empresarial inclui quatro perspectivas: financeira, de clientes, de processos internos e de aprendizado e crescimento (Kaplan; Norton, 19963).

A governança de TI pode ser entendida como a autoridade e responsabilidade pelas decisões referentes ao uso de TI. A administração de TI, com seus processos de planejamento, organização, direção e controle, tem como objetivo garantir a realização bem-sucedida dos esforços para o uso de TI, desde sua definição com o alinhamento estratégico, influenciado pelo contexto, até a mensuração de seus impactos no desempenho empresarial.

A administração de TI não deve ser realizada apenas pelos executivos dessa área, mas é uma responsabilidade organizacional da qual os executivos de negócio têm participação decisiva em seu sucesso.

As dimensões do uso de TI e suas relações produzem efeitos internos e externos nas organizações, o que significa que elas também influenciam o contexto e seus direcionadores, alterando-os e sendo alteradas por eles.

4. Dimensões do uso de tecnologia de informação aplicadas à internet das coisas

O uso de Transformação Digital pode então ser considerado como um uso de TI e, portanto, relacionado com as Dimensões do Uso de Tecnologia de Informação. Desta forma, relaciona-se os dois conjuntos de dimensões, de Transformação Digital e de TI, conforme apresentado na figura 7.


Figura 7 – Dimensões do Uso de Transformação Digital

 

O uso de Transformação Digital está vinculado com o ambiente externo da empresa (Ambiente e Mercado), seu contexto interno (Demanda e Organização e Indivíduo) e a própria tecnologia (Oferta e TI).

A demanda por Transformação Digital pode ser entendida como um uso de TI nas empresas e, portanto, está relacionada com infraestrutura (Internet of Things, cloud computing,  bring your own device, etc.), transacional (realidade aumentada, robôs etc.), informacional (artificial intelligence, machine learning etc.) e estratégico (aplicações que suportam e viabilizam as estratégias da empresa).

Os benefícios do uso de Transformação Digital são classificados em custo, produtividade, qualidade, flexibilidade e inovação; como também é o uso de TI de forma mais geral. Estes benefícios devem afetar o desempenho empresarial.

5.    Projeto TRANSFORMAÇÃO DIGITAL

O projeto Transformação Digital tem como foco sua situação atual e suas tendências, considerando a aplicação da inovação digitais para gerar valor para a sociedade e para os negócios. Desta forma, a inovação digital em si é um dado do contexto e não o foco do estudo.

A Transformação Digital apresenta desafios e oportunidades. A oferta de tecnologia, a demanda e o ambiente no qual estará inserida devem ter integração e sinergia para garantir a sua evolução.

A Transformação Digital oferece oportunidades de ganhos sociais e econômicos em vários setores da sociedade e da economia. Estes setores podem ser entendidos como verticais de utilização desta tecnologia.

Ao mesmo tempo, exige o tratamento adequado de aspectos que podem facilitar ou dificultar, no limite inviabilizar, seu desenvolvimento, consolidação e utilização. Estes aspectos podem ser entendidos como horizontais da Transformação Digital.

Os componentes da sociedade e da economia que estão relacionados com as verticais e com as horizontais também podem ser entendidos como dimensões da Transformação Digital.

A questão de pesquisa que decorre desta argumentação é: Como deve ser o aproveitamento do potencial da Transformação Digital, considerando suas oportunidades e desafios?

5.1. Objetivo Geral e Objetivos Específicos

O Projeto Transformação Digital tem como objetivo principal consolidar seu conceito e suas dimensões, identificar os benefícios e os desafios, e definir indicadores de sua efetivação.

Os objetivos específicos estão assim definidos:

  1. Revisar o conceito e abrangência da Transformação Digital e suas dimensões.
  2. Identificar as oportunidades da Transformação Digital gerar valor para a sociedade e para as organizações.
  3. Identificar os desafios para a efetiva realização da Transformação Digital e como tratá-los.
  4. Elaborar indicadores sociais e empresariais para medir o nível da Transformação Digital na sociedade e nas organizações.

 

5.2. Resultados Esperados e Contribuições

O uso de TI é amplo e intenso tanto no ambiente organizacional como na sociedade, com claro crescimento em todos os níveis socioeconômicos e permeando todos os processos de negócio e sociais. O destaque atual é Transformação Digital, para fazer algo novo, diferente e melhor.

Neste cenário, é necessário estudar e pesquisar os vários aspectos que possam facilitar, dificultar, impedir e viabilizar sua expansão, consolidação e utilização da Transformação Digital.

Os resultados esperados incluem a revisão do conceito de Transformação Digital, o entendimento de sua identificação de sua abrangência, a identificação de setores econômicos com potencial para sua realização, a identificação das mudanças de processos provocadas, necessárias ou viabilizadas por Transformação Digital, e os benefícios obtidos ou esperados por esta utilização.

Os resultados também incluem o conhecimento sistematizado e criado com o projeto de pesquisa, nas suas várias fases, assim como a formação de recursos humanos que incluem os alunos de pós-graduação que dele participarão.

A contribuição acadêmica e científica é a fundamentação teórica e empírica para servir de base para estudos e pesquisas sobre Transformação Digital. A contribuição para as empresas inclui o conhecimento vinculado à prática como subsídio para suas estratégias de utilização desta tecnologia.

5.2.1.  Divulgação dos Resultados

Este projeto prevê a divulgação dos seus resultados por meio da:

  1. participação em congressos com submissão de trabalhos sobre os resultados do projeto;
  2. submissão de artigos para periódicos apresentando os resultados do projeto; e
  3. divulgação dos principais resultados e working papers no site do FGVcia.

 

 5.3.    Projetos Integrados

Este projeto prevê os seguintes Projetos Integrados:

  1. Fundamentação Teórica;
  2. Estudos de Caso de Transformação Digital; e
  3. Elaboração de indicadores de Transformação Digital.

 

1ALBERTIN, A. L.; ALBERTIN, R. M. M. A Internet das Coisas irá muito além das coisas. GVexecutivo,  ISSN 1806-8979, vol. 16, n. 2, pp. 13-17, mar/abr 2017
2WEILL, P.; BROADBENT, M. Leavering the new infrastruture: how market leaders capitalize on IT. Boston: Harvard Business Scholl Press, 1998.
3KAPLAN, R. S. e NORTON, D. P. The Balanced Scorecard: Translating Strategy into Action. Boston: Harvard Business School Press, 1996.
 
 

 

 

 

Equipe de pesquisadores

  • Alberto Luiz Albertin
    Professor Titular da FGV EAESP, coordenador do FGVcia, pesquisador e autor
    Doutor em Administração pela Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade da USP
  • Coordenadora executiva, pesquisadora do FGVcia e autora
    Doutora em Administração de Empresas na linha de Administração, Análise e Tecnologia da Informação pela FGV EAESP
  • Pesquisador
    Doutorando em Administração de Empresa na linha de Administração, Análise e Tecnologia da Informação na FGV EAESP
  • Alexander Dubrowsky
    Pesquisador
    Mestre em Gestão para Competitividade Linha de Tecnologia de Informação na FGV EAESP
  • Álvaro Luiz Massad Martins
    Pesquisador
    Doutor em Administração de Empresas na linha de Administração, Análise e Tecnologia da Informação pela FGV EAESP
  • Pesquisador
    Pós-doutorado em Administração de Empresas pela FGV EAESP
  • Pesquisador
    Mestre em Gestão para Competitividade Linha de Tecnologia de Informação na FGV EAESP
  • Henrique Pontes Gonçalves de Oliveira
    Pesquisador
    Mestre em Administração de Empresas na linha de Administração, Análise e Tecnologia da Informação pela FGV EAESP
  • Irair Cruz Novaes
    Pesquisador
    Mestre em Gestão para Competitividade Linha de Tecnologia de Informação na FGV EAESP
  • Luiz F. Albertin Bono Milan
    Pesquisador
    Doutor em Administração de Empresas pela Fundação Getulio Vargas
  • Pesquisador
    Mestre em Administração de Empresas na linha de Administração, Análise e Tecnologia da Informação pela FGV EAESP
  • Pesquisador
    Mestre em Administração de Empresas na linha de Administração, Análise e Tecnologia da Informação na FGV EAESP
  • Pesquisador
    Mestrando em Administração de Empresas na linha de Administração, Análise e Tecnologia de Informação pela FGV EAESP
  • Pesquisador
    Mestre em Gestão para Competitividade Linha de Tecnologia de Informação na FGV EAESP
  • Rosana de Almeida
    Pesquisador
    Doutora em Administração de Empresas na linha de Administração, Análise e Tecnologia da Informação pela FGV EAESP
  • Rosana Santarosa
    Pesquisador
    Mestre em Administração de Empresas na linha de Administração, Análise e Tecnologia da Informação pela FGV EAESP
  • Pesquisador
    Mestre em Gestão para Competitividade Linha de Tecnologia de Informação na FGV EAESP
  • Pesquisador
    Doutorando em Administração de Empresa na linha de Administração, Análise e Tecnologia da Informação na FGV EAESP

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