Pesquisa FGVcia de Comércio Eletrônico no Mercado Brasileiro

Junho, 2020

A Pesquisa FGV EAESP de Comércio Eletrônico no Mercado Brasileiro é um estudo do FGVcia realizado com empresas, de vários setores e portes, sobre Comércio Eletrônico, considerando níveis de utilização, processos, tecnologia, aspectos essenciais e contribuição; permitindo entender contexto atual e elaborar tendências do uso do ambiente digital para realizar negócios.

A Pesquisa fornece o conhecimento da efetiva utilização de Comércio Eletrônico pelas empresas, bem como de sua evolução em 22 anos, permitindo analisar suas reais contribuições bem como os aspectos relevantes para a garantia de seu pleno aproveitamento e tratamento de seus aspectos essenciais.

Pesquisa FGV EAESP de Comércio Eletrônico no Mercado Brasileiro, 22ª edição, 2020, conheça os resultados.

Participe da 23ª edição, 2021, e receba o resumo dos resultados.
Responda o questionário e envie para o FGVcia: fgvcia@fgv.br.

PESQUISA DE COMÉRCIO ELETRÔNICO NO MERCADO BRASILEIRO

As organizações têm procurado um uso cada vez mais intenso e amplo de Tecnologias de Informação e Comunicação, como uma poderosa ferramenta empresarial, que altera as bases da competitividade e estratégias empresarias.

O ambiente empresarial, tanto em nível mundial como nacional, tem passado por inúmeras mudanças nos últimos anos, as quais têm sido consideradas diretamente relacionadas com as Tecnologias de Informação (TI). Um dos aspectos mais importantes deste novo contexto é o surgimento do ambiente digital, que passou a permitir, de fato, a realização de Negócios na Era Digital e do Comércio Eletrônico.

O Comércio Eletrônico (CE) já é uma realidade em diversos setores da economia. A sua assimilação e utilização estão se tornando parte da estratégia das organizações. O conhecimento dos vários aspectos e contribuições, bem como da sua utilização atual, potencial e tendências é importante para o aproveitamento bem-sucedido das oportunidades do ambiente de Negócios na Era Digital.

O Programa de Negócios na Era Digital, da Escola de Administração de Empresas de São Paulo (EAESP), da Fundação Getulio Vargas (FGV), destina-se a centralizar e coordenar vários esforços relativos a Negócios na Era Digital nos ambientes empresarial e acadêmico.

A Pesquisa de Comércio Eletrônico no Mercado Brasileiro, na sua segunda edição, coordenada pelo Prof. Alberto Luiz Albertin, é um destes esforços e está totalmente inserido no contexto de sinergia com as demais iniciativas, presente e futuras.

Comércio Eletrônico

O Comércio Eletrônico é a realização de toda a cadeia de valor dos processos de negócio num ambiente eletrônico, por meio da aplicação intensa das tecnologias de comunicação e de informação, atendendo aos objetivos de negócio.

Os processos podem ser realizados de forma completa ou parcial, incluindo as transações negócio-a-negócio, negócio-a-consumidor e intra-organizacional, numa infraestrutura predominantemente pública de fácil e livre acesso, e baixo custo. Esta infra-estrutura oferece a possibilidade de realização eletrônica de processos dos quais participam consumidores, clientes, fornecedores, instituições financeiras etc.

Figura 1 – Modelo Integrado de Comércio Eletrônico
Figura 1 – Modelo Integrado de Comércio Eletrônico

 

O Modelo Integrado de Comércio Eletrônico é constituído por camadas, conforme mostra a figura 1. A primeira e mais básica e abrangente, é a de Políticas e Regras Públicas, que estão relacionadas com aspectos legais, regulamentação dos setores e mercados, das normas oficiais etc. No nível desta primeira camada, a desregulamentação dos setores e a globalização são bons exemplos dos incentivos ao surgimento do CE, e a exigência de documentos e comprovação física pela legislação é um exemplo das necessidades de mudanças nesta camada e de possíveis restrições ao CE.

A segunda camada é composta pelas Políticas e Padrões Técnicos, que estão relacionados com aspectos de padronização para a compatibilização dos componentes do ambiente técnico, políticas de tratamento e comunicação de informações, interfaces etc. Para esta camada um bom exemplo é a discussão sobre um protocolo de comunicação (regra de comunicação entre computadores) universal ou a compatibilização entre protocolos de redes distintas, outro exemplo é a preparação de padrão para a realização de troca eletrônica de dados no ambiente da Internet.

A terceira camada refere-se a Infovia Pública (estrada de informação), que é a rede de computadores formada tanto pela rede mundial Internet como pelos serviços on-line que tenham ligações com esta, sendo que a ênfase é no acesso livre e de baixo custo, e na integração entre os vários ambientes e seus participantes sem nenhuma restrição, incluindo desde os terminais mais simples de acesso, até meios de comunicação mais sofisticados para grandes volumes de informações.

A quarta camada é composta pelas Aplicações e Serviços Genéricos, que são oferecidos pelo ambiente, por meio de seus provedores, serviços on-line e fornecedores, disponíveis a todos, tais como correio eletrônico, transferência de arquivos, salas virtuais, algoritmos e software de criptografia etc. Estes serviços são considerados genéricos enquanto não são aplicados à algum processo de uma empresa, de um consumidor etc.

A quinta e última camada é composta pelas Aplicações de Comércio Eletrônico, que são desenvolvidas com base nas camadas anteriores que atendam às necessidades de uma organização ou grupo delas, ou ainda dos consumidores, tais como home banking, vídeo sob demanda, home shopping, marketing on-line etc.

As várias camadas são sobrepostas e unidas, cada uma sendo influenciada e influenciando as demais. Essa influência inclui que uma camada, por uma lado, está limitada pelas restrições impostas pelas outras, assim como limita as demais. Por outro lado, uma camada garante que as outras possam existir e fornece a base e os recursos para que as demais possam desenvolver-se. Finalmente, cada camada tende a exigir a adequação e evolução das demais, de acordo com sua própria evolução, necessidades e oportunidades oferecidas ao ambiente externo.

As quatro primeiras camadas são consideradas como a infra-estrutura do Mercado Eletrônico. Assim, tanto para o CE como para o Mercado Eletrônico, a Internet faz parte de um de seus componentes, por um lado, facilitando e possibilitando a sua realização, e, por outro lado, impondo as suas possíveis e atuais restrições. O desafio para as empresas é conhecer adequadamente esta estrutura para aumentar as chances de sucesso de sua utilização e explorar as oportunidades oferecidas nas suas estratégias organizacionais.

O CE não pode atingir todo o seu potencial como um conceito isolado, considerando apenas as relações cliente-organização, organização-organização, ou atividades de automação interna, desconectadas. Para as empresas serem completamente efetivas, estas três atividades precisam estar integradas e as aplicações de software correspondentes desenvolvidas juntas.

O CE é composto por três níveis de transações: negócio-a-negócio, que integram as empresas; negócio-a-consumidor, que integram as empresas com os consumidores de seus produtos e serviços e vice-versa; e, intra-organizacional, que integram as pessoas, áreas, funções e processos internos das empresas. Este três níveis devem se integrar e serem aderentes entre eles, criando o CE Interno e o CE Externo de forma coerente.

O CE Externo é tido como construído na fundação da Internet e outras tecnologias sobre as quais empresas, fornecedores e consumidores se ligam nas transações on-line. Existe uma tendência a assumir que o CE é restrito exclusivamente a atividades externas da organização. As tecnologias e métodos associados com CE já são extensivamente utilizados nas empresas, onde o foco está nas operações e outros aspectos das atividades de ganho de eficiência. Estas atividades são conhecidas por vários nomes, tais como: integração empresarial, sistemas de controle de processo, reengenharia de processo de negócio, gerenciamento de fluxo de trabalho etc.

O CE Interno é definido como sendo a aplicação de CE nos processos e aplicações. Especificamente, define-se CE Interno como a utilização de métodos e tecnologias pertinentes para suportar processos de negócio internos entre indivíduos, departamentos e organizações colaboradoras. Ao utilizar internamente recursos similares aos da Internet, as empresas criam suas Intranets. E as ligações das Intranets de várias empresas num ambiente Internet, cria-se uma Extranet.

As forças de negócio que estão orientando o CE Interno são as forças de mercado, econômicas e competitivas. Essas forças estão comandando a revisão da importância das redes - computador e comunicações - e seu papel na melhor utilização de informação corporativa na tomada de decisão operacional e analítica.

Figura 2 – Estrutura de Análise de Comércio Eletrônico
Figura 2 – Estrutura de Análise de Comércio Eletrônico

 

A Estrutura de Análise de Comércio Eletrônico é composta de duas categorias: os aspectos e as contribuições de CE, conforme mostra a figura 2. Os aspectos são adoção, relacionamento com clientes e fornecedores, adequação, estratégia, comprometimento organizacional, privacidade e segurança, sistemas eletrônicos de pagamento, aspectos de implementação e aspectos legais.

As contribuições de CE são: relacionamento com clientes e fornecedores, customização em massa, inovação de produtos, novos canais de venda e distribuição, promoção de produtos, novas oportunidades de negócio, estratégia competitiva, economia direta e infra-estrutura pública.

Objetivos da Pesquisa

A Pesquisa de Comércio Eletrônico no Mercado Brasileiro tem como principais objetivos:

  • Identificar a situação atual da utilização desta aplicação de tecnologia no mercado brasileiro, contribuindo para a elaboração do cenário atual.
  • Contribuir para a elaboração das tendências deste ambiente, num horizonte de 1 ano.
  • Disponibilizar, para os interessados na área de Negócios na Era Digital, informações úteis e atuais sobre o Comércio Eletrônico no Mercado Brasileiro.

 

Dados da Pesquisa

A pesquisa esta dividida em sete tópicos, que serão descritos a seguir, buscando identificar de forma abrangente as várias características deste novo ambiente.

1. Identificação da Amostra.

A amostra utilizada na Pesquisa buscou a melhor representatividade do Mercado Brasileiro, sendo objeto de constante aperfeiçoamento nas pesquisas realizadas.

  • Setor. A Pesquisa foi realizada nos vários setores do mercado, considerando suas características de aplicação de tecnologias.
  • Ramo. Para cada um dos setores pesquisados, foram identificados os ramos de atividades das empresas, permitindo identificar possíveis diferenças nos próprios setores.

 

2. Situação da Empresa.

A situação das empresas que participaram da Pesquisa considerou o porte em relação a sua receita líquida, gastos e investimentos em TI e CE, bem como o nível de estruturação organizacional para esta utilização.

  • Receita líquida. A Pesquisa considerou o porte das empresas, de acordo com sua receita líquida, permitindo identificar possíveis diferenças de aplicações de acordo com esta característica.

  • Gastos e Investimentos em TI. Os gastos e investimentos em TI, mais do que identificar este dado em si, busca verificar o nível de esforço com esta tecnologia e validar as respostas.

  • Gastos e Investimentos em CE.

 

Os gastos e investimentos em CE buscam identificar o nível de esforços que estão sendo direcionados para esta aplicação de TI pelas empresas.

  • Estrutura de CE. As estrutura organizacional voltada para CE visa identificar o nível de mudança, a alocação de esforços e a sua subordinação nas empresas.

 

3. Situação do Comércio Eletrônico.

A Pesquisa buscou identificar a situação da aplicação de CE no relacionamento que as empresas mantêm com seus fornecedores e cliente, incluindo os consumidores finais.

  • Integração com fornecedores e clientes. A integração com fornecedores e clientes visa identificar o nível de integração eletrônica que as empresas mantêm com seu ambiente externo por meio das aplicações de CE.

  • Valor comercializado. A intensidade da utilização de CE foi considerada tendo como base o valor que está sendo comercializado por meio deste ambiente.

  • Tipo de produto/serviço. O tipo de produto/serviço visa identificar características do que está sendo comercializado por meio do CE.

  • Previsão de utilização de CE. A previsão de utilização de CE tem por objetivo identificar as tendências futuras em relação à dimensão de tempo.

  • Integração. A integração com fornecedores e clientes buscou identificar a assimilação de novos componentes do modelo de negócios pelas empresas.

  • CRM (Gerenciamento de Relacionamento com Clientes). O CRM é o esforço organizacional de gerenciar as formas de relacionamento com clientes, visando conhecer o seu perfil, atender suas necessidades e criar fidelidade.

  • ECR (Resposta Eficiente ao Consumidor). O ECR é a união entre parceiros estratégicos do varejo e da indústria, para a racionalização da cadeia de processos, redução de custos e criação de fidelidade de consumidores.

  • SCM (Gerenciamento da Cadeia de Suprimentos). O SCM é o gerenciamento da cadeia produtiva desde o fornecimento da matéria-prima até a rede de distribuição dos produtos, visando o equilíbrio desta cadeia.

  • Intranet. Uma intranet é uma rede corporativa interna com características similares às da Internet.

  • Extranet. Uma extranet é a comunicação de intranets organizacionais expandida por meio da Internet.

  • Portal. Um portal é um espaço virtual que permite a disponibilização, comunicação e distribuição de informações, e a realização de transações.

  • Comunidade. Uma comunidade virtual é a reunião de pessoas, por meio de infra-estrutura de integração eletrônica, que tenham interesse comum, queiram estabelecer o mesmo tipo de relacionamento e realizar transações comuns.

  • Nível de integração automática de CE. A integração automática de CE buscou identificar o nível deste tipo de  integração entre os processos realizados nas aplicações de CE e os processos internos da empresa.

 

4. Infraestrutura de Comércio Eletrônico.

A infraestrutura de CE é formada pelas aplicações de TI que utilizam, de uma forma geral, a Internet, como plataforma pública.

  • EDI. A troca eletrônica de dados realizada entre duas empresas, utilizando infra-estrutura proprietária.
  • EDI/Internet. A troca eletrônica de dados realizada entre duas empresas, utilizando a Internet como infra-estrutura.
  • E-cash. O dinheiro eletrônico a ser utilizado nas transações realizadas no CE.
  • E-check. O cheque eletrônico a ser utilizado nas transações realizadas no CE.
  • Smart Card. O cartão que permite o armazenamento de informações a serem utilizadas no CE.
  • Cartão de Crédito. O cartão de crédito utilizado nas transações realizadas no CE.
  • E-catalog. O catálogo eletrônico disponibiliza informações sobre produtos e serviços no ambiente de CE.
  • Chat. O chat é o ambiente virtual para a realização de interação entre pessoas.
  • E-mail. O correio eletrônico permite a troca de mensagens entre os vários participantes do CE.
  • Home page. As páginas na Internet visam disponibilizar informações empresariais e pessoais, com várias funcionalidades.
  • TV a Cabo. A TV a Cabo permite disponibilizar produtos e serviços por meio de suas redes.

 

5. Comércio Eletrônico nos Processos de Negócio da Empresa.

A Pesquisa analisa a utilização de CE por meio de sua aplicação nos processos de negócios, considerando quatro categorias de processos bastante amplas, Desenvolvimento de Produto/Serviço, Cadeia de Suprimentos, Manufatura e Atendimento a Cliente.

6. Aspectos de Comércio Eletrônico.

A Pesquisa identifica os aspectos considerados mais relevantes para a aplicação bem sucedida de CE.

7. Contribuições de Comércio Eletrônico.

A Pesquisa identifica o grau de importância que as empresas atribuem ao CE, em relação às contribuições oferecidas.

8. Conclusões.

Com base na Pesquisa, é possível identificar o cenário de Comércio Eletrônico no Mercado Brasileiro e suas tendências.

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