Eficiência e eficácia das inovações em telemedicina nas práticas hospitalares: um estudo de caso no Brasil
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A telemedicina, ou a possibilidade de aproximar profissionais de saúde de pacientes mediante o uso de tecnologias de informação e comunicação (ICT), vem trilhando um caminho crescente de adoção desde a criação da possibilidade tecnológica de comunicação remota com a invenção do telégrafo e do telefone. Avanços mais recentes da tecnologia, principalmente os realizados na década de 90 com a difusão da Internet e da telefonia celular e outros mais recentes, trouxeram ainda mais impulso na disseminação da telemedicina como uma alternativa real para aumentar a oferta de serviços médicos com a mesma eficácia que aqueles prestados de maneira presencial para populações afastadas dos grandes centros urbanos, com o benefício adicional de reduzir os custos totais dessa oferta de serviços médicos sob a ótica da sociedade servida. Países como os EUA, Canadá, Austrália, Noruega e Reino Unido têm estado na vanguarda no estudo da eficácia dos serviços de telemedicina, experimentando, agora, movimentos de expansão desses serviços para modalidades operacionais estabelecidas, ainda que os desafios de incorporação da telemedicina nas práticas atuais se apresentem como grandes obstáculos. No Brasil, grandes hospitais e o Ministério da Saúde vêm trabalhando com a telemedicina desde a década passada, com um número crescente de casos de uso e de atendimentos remotos realizados, ainda que a plena adoção e incorporação da telemedicina no sistema de saúde tradicional apresente os mesmos desafios que aqueles observados nos países pioneiros. A análise dos desafios para a disseminação da telemedicina nos sistemas de saúde, de maneira continuada e sustentada, coincide com uma reflexão mais profunda sobre a própria sustentabilidade dos atuais sistemas de saúde, os quais estão se tornando cada vez mais complexos e custosos. Nossa proposição, nesse contexto, é a de que uma nova forma de enxergar os desafios da indústria de saúde seja utilizada, avaliando-se a maneira como inovações em tecnologia podem trazer melhorias para os sistemas de saúde, de maneira coordenada com inovações nos modelos de negócio das principais entidades provedoras participantes desses sistemas – os hospitais e consultórios. Conforme o modelo da Inovação Disruptiva, somente quando consideramos os efeitos somados das inovações tecnológicas, tais como a telemedicina, com inovações dos modelos de negócio é que poderemos iniciar uma efetiva jornada de melhoria dos sistemas de saúde. Nesse contexto, analisamos a experiência bem-sucedida de aplicação da telemedicina pelo Hospital Israelita Albert Einstein para o provimento de serviços médicos remotos para plataformas de extração de petróleo – um ambiente remoto e de difícil acesso, no qual seus profissionais estão expostos a condições que podem demandar diagnóstico e atendimento médico imediato. Em condições habituais – ou seja, sem a telemedicina –, tais atendimentos seriam prestados com a presença física constante de profissionais e equipamentos médicos especializados, ou com uma infraestrutura de transporte aéreo imediato dos pacientes para hospitais remotos. Com o uso da telemedicina, verifica-se que a mesma eficácia de prestação de serviços médicos é oferecida com maior imediatismo e a uma parcela dos custos totais da alternativa anterior, o que é demonstrado nesse estudo de caso.