Vânia Bezerra, diretora de Compromisso Social no Hospital Sírio-Libanês, em São Paulo, carrega uma trajetória que desafia as probabilidades. Formada em Relações Públicas, ela não é o que se costuma considerar uma "aluna padrão" da FGV. De origem humilde, filha de uma empregada doméstica e de um mecânico, Vânia quebrou o ciclo de pobreza em sua família por meio da educação. Sua história é um exemplo vivo de como o conhecimento pode transformar vidas.

“Eu costumo dizer que a educação é o maior ato de rebeldia contra qualquer sistema”, afirma Vânia. E essa rebeldia a levou a ser a primeira da sua família a frequentar a universidade e, depois, a alcançar o título de mestre. Em sua carreira, que começou como recepcionista no próprio Hospital Sírio-Libanês, ela trilhou vários cargos até assumir a diretoria. Contudo, foi durante essa caminhada que sentiu a necessidade de buscar consistência em sua formação. “Eu já estava em um alto cargo, mas almejava essa consistência”, explica.

Decisão na carreira

A escolha pela FGV EAESP foi motivada pelo prestígio da instituição e pelo renome dos professores. No curso, ela teve contato com grandes nomes da área da saúde pública, como Ana Maria Malik e Gonzalo Vecina Neto, além de muitos outros. A decisão de cursar o Mestrado Profissional em Gestão para Competitividade, na linha de Gestão da Saúde, veio não só pela qualidade do corpo docente, mas também pelo caráter prático e adaptado à sua rotina de compromissos. A pandemia trouxe um desafio adicional: concluir o curso enquanto trabalhava em um hospital em plena crise sanitária global.

“Eu fiz um curso de saúde durante uma crise de saúde”, reflete Vânia. O que poderia ter sido um obstáculo intransponível, transformou-se em uma oportunidade de aplicar, em tempo real, os conhecimentos adquiridos. “Eu utilizava o conhecimento da sala de aula no que eu estava desenvolvendo no trabalho”, conta. A experiência prática tornou-se tema do seu mestrado, que focou em governança e liderança, áreas cruciais para ela durante o enfrentamento da pandemia.

Pesquisa aplicada

Um dos momentos mais marcantes de sua jornada acadêmica foi quando, em meio ao curso, aplicou uma pesquisa sobre burnout e saúde mental, conhecimento adquirido em sala de aula, diretamente com os colaboradores de sua equipe no hospital. A pesquisa não só trouxe insumos valiosos para a gestão da equipe durante a crise, mas também permitiu a implementação de iniciativas de suporte, como encontros para descompressão do estresse da pandemia. Esse tipo de prática é um exemplo de como o mestrado na FGV EAESP combina teoria e prática, oferecendo aos alunos ferramentas aplicáveis no cotidiano.

“Eu compartilhei com meus colegas de turma o guia de cuidados paliativos que o Sírio-Libanês estava desenvolvendo com o Ministério da Saúde”, menciona Vânia, destacando como o aprendizado no mestrado era continuamente transferido entre os colegas que trabalhavam em áreas correlatas. Além disso, o curso despertou nela um novo olhar sobre governança: “O líder só é sozinho quando não se tem governança forte e estruturada”. Para Vânia, entender o rigor metodológico de uma pesquisa e adquirir um vocabulário crítico foram transformadores para seu desenvolvimento como gestora.

Apesar dos desafios do ensino à distância, Vânia destaca que o contexto pandêmico permitiu estudar, ao lado de outros profissionais de saúde, temas essenciais, como liderança em tempos de crise. “Eu estava no ato da crise”, lembra. Ao mesmo tempo, a troca de experiências com colegas de diferentes setores ampliou seu entendimento sobre como a pandemia impactava diversas categorias de trabalhadores. No Mestrado Profissional em Gestão para a Competitividade, os alunos participam de aulas do Núcleo Comum, que reúnem todas as oito linhas de pesquisa do programa, além de disciplinas específicas para cada área de estudo. Essa estrutura promove uma rica troca de conhecimentos entre diferentes setores, ampliando a visão estratégica dos alunos, enquanto as aulas específicas garantem uma formação técnica mais aprofundada, preparando-os de maneira sólida e especializada para enfrentar os desafios do mercado.

Uma trajetória de sucesso

A educação, para Vânia, vai além da sala de aula. É um meio de romper barreiras e conquistar espaços historicamente inacessíveis. Hoje, ela é a única pessoa em muitos ambientes a carregar consigo uma trajetória de periferia, mas isso não a impede de sonhar mais alto. Seu próximo passo? O Doutorado Profissional na FGV. “Se uma menina como eu, que vim da periferia, pode chegar ao doutorado, outras meninas também podem”, afirma, esperançosa de que seu exemplo inspire outras mulheres a seguir o mesmo caminho.

A história de Vânia Bezerra não é apenas sobre sucesso profissional, mas sobre resiliência, superação e a crença no poder transformador da educação. A FGV EAESP, com seu Mestrado Profissional em Gestão para a Competitividade, desempenhou um papel fundamental nessa jornada, provando que conhecimento aplicado é a chave para o sucesso em tempos de crise. Para Vânia, cada novo degrau é uma vitória pessoal, mas também uma vitória coletiva para todas as mulheres e meninas que, como ela, sonham em romper ciclos e ocupar espaços de liderança.

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