MÓDULO 1. CORRUPÇÃO E ANTICORRUPÇÃO
O Módulo 1. Corrupção e Anticorrupção é um recurso didático para docentes de escolas de medicina, em particular. O conteúdo educacional abaixo trata da corrupção e da luta contra a corrupção no setor da saúde. Desde os primórdios da humanidade a corrupção é uma das maiores preocupações que assola os mais diferentes aspectos da humanidade. O material didático aqui disponibilizado fornece um esboço sobre esse tema para três aulas de 1h30 cada aula, mas pode ser usado para aulas mais curtas ou mais longas, ou ainda algumas partes do material didático podem ser utilizadas pelo docente para incrementar o conteúdo já existente de uma aula ou ainda pode ser utilizado como conteúdo programático para uma nova disciplina a ser desenvolvida pelo docente, inspirada neste material. O material didático aqui disponibilizado é adequado tanto para estudantes de graduação como de pós-graduação.
Aula 2. Setor Público e Corrupção na Saúde
A corrupção no setor público se manifesta de modo diverso na área da saúde, em comparação com outros setores de atividades. A Aula 2 tem por objetivo ressaltar a corrupção no setor público da saúde colocando em evidência as principais causas das ineficiências do setor da saúde, as causas da corrupção, assim como as condutas corruptas mais usuais.
Índice
- Introdução.
- Causas de Ineficiência no Setor da Saúde
- Causas da Corrupção no Setor da Saúde
- Tipos Mais Comuns de Condutas Corruptas
- Referências
- Objetivos de Aprendizagem
- Exercícios
- Atividade Prévia 1
- Atividade Prévia 2
- Atividade Prévia 3
- Exercício 1 – Definindo Setor Público
- Diretrizes para os Docentes
- Exercício 2 – A Máfia das Próteses: Debate
- Diretrizes para os Docentes
- Estrutura de Aula
- Leitura Obrigatória
- Legislação
- Leitura Complementar
- Avaliação de Aprendizagem
- Avaliação Individual
- Avaliação em Grupo
- Outras Ferramentas de Aprendizagem
- PowerPoint
- Cursos Online
- Netflix
- Filmes
- Podcast
- Rádio
- YouTube
- Websites
Introdução
A Constituição Federal brasileira de 1988 (Constituição) diz em seu art. 196 que "Art. 196. – A saúde é direito de todos e dever do Estado, garantido mediante políticas sociais e econômicas que visem à redução do risco de doença e de outros agravos e ao acesso universal e igualitário às ações e serviços para sua promoção, proteção e recuperação".
Ela estrutura o sistema de saúde brasileiro com base nos seguintes pilares:
- Equidade
- Descentralização Política e Operacional
- Financiamento tripartite
- Universalização
Além disso, a Constituição, no seu art. 199, determina que a saúde é uma atividade econômica livre à iniciativa privada, da seguinte forma: “Art. 199. – A assistência à saúde é livre à iniciativa privada.”
A Lei Complementar nº 8.080 estabelece as atribuições, competências e responsabilidades do Sistema Único de Saúde (SUS) e a Lei Complementar nº 8.142 dispõe sobre a participação social e as transferências de recursos intergovernamentais no SUS. A Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) foi assim criada para regular as relações contratuais públicas com o setor privado de assistência médico-hospitalar (Barbosa & Malik, 2015).
Serviço público é “toda atividade material que a lei atribui ao Estado para que a exerça diretamente ou por meio de seus delegados, com o objetivo de satisfazer concretamente às necessidades coletivas, sob regime jurídico total ou parcialmente público” (Di Pietro, 2007:90). Algumas atividades econômicas poderiam ser exploradas pela iniciativa privada, todavia diante da importância de satisfazer as necessidades básicas da humanidade, já que se pode correr o risco de que tais atividades sejam oferecidas apenas para parte da população, o Estado passa a realizar essas atividades econômicas, para garantir o seu acesso a toda a população (Hachem, 2014:126).
A Lei nº 8.429/1992 estabelece as sanções aplicáveis aos agentes públicos nos casos de enriquecimento ilícito no exercício de mandato, cargo, emprego ou função na administração pública direta, indireta ou fundacional. Nos termos do Art. 2º da Lei nº 8.429/1992, agente público é quem exerce, mesmo que transitoriamente ou sem remuneração, eleição, nomeação, designação, contratação ou qualquer outra forma de vínculo, mandato, cargo, emprego na administração direta, indireta ou fundacional da União, dos Estados, do Distrito Federal ou dos Municípios ou ainda de empresa incorporada ao patrimônio público ou custeada ou criadas pelas entidades acima citadas e que tenham concorrido com mais de cinqüenta por cento do patrimônio ou da receita anual (Art. 1º da Lei nº 8.429/1992).
O setor público tem o Estado como principal protagonista econômico, em oposição ao setor privado, onde a atividade econômica é movida pela iniciativa empresarial. A corrupção no setor público se manifesta de modo diverso quando presente na área da saúde, em comparação com a corrupção que existe na infraestrutura, na educação ou na defesa, apenas para citar esses exemplos. Ela decorre, na verdade, das dificuldades estruturais do sistema como um todo.
Causas de Ineficiência no Setor da Saúde
O Relatório Mundial da Saúde 2010, da Organização Mundial da Saúde (OMS), identifica no seu capítulo 4, as principais causas de ineficiência no setor da saúde, a saber:
- Eliminar despesas desnecessárias em medicamentos
- Melhorar o controle de qualidade dos medicamentos
- Utilização apropriada dos medicamentos
- Retirar o máximo benefício dos serviços e da tecnologia
- Motivar as pessoas
- Melhorar a eficiência hospitalar – dimensão e duração da estadia
- Definir o tratamento correto desde o início
- Eliminar o desperdício e a corrupção
- Levantamento crítico dos serviços necessários
- Benefícios potenciais de melhorar a eficiência
A corrupção é uma das principais causas da ineficiência do setor da saúde. De fato, o setor da saúde é um dos setores mais expostos à corrupção. Combater a corrupção no setor público da saúde é, portanto, um grande desafio. Estima-se que a corrupção no setor da saúde a nível global custe mais do que o que seria necessário para alcançar a meta da cobertura universal em saúde (Hussmann, 2020). O Instituto Ética Saúde (IES) estima que pelo menos 2,3% dos investimentos na saúde no Brasil se percam em razão de fraudes.
Causas da Corrupção no Setor da Saúde
Quando um indivíduo paga uma propina para ter acesso aos serviços básicos do sistema de saúde público, isso mina a noção de serviço público, isso mina a confiança no Estado e nas suas instituições. A corrupção nega o acesso das pessoas mais necessitadas ao sistema público de saúde. Nessa perspectiva, prevenir, detectar e punir são os três elementos de base para combater a corrupção, se possível antes que ela aconteça e, com isso, ajudar a levar os cuidados básicos de saúde para aqueles que mais precisam. A corrupção é uma ameaça à gestão eficiente no setor da saúde pública. Assim, as principais causas da corrupção no setor público da saúde podem ser entendidas como: os importantes valores envolvidos; a complexidade do setor em razão do grande número de partes envolvidas (stakeholders); as incertezas do mercado da saúde, já que não se pode afirmar quando um indivíduo ficará doente; a relação assimétrica entre profissionais de saúde e pacientes; a falta de transparência nas relações entre fornecedores médicos, prestadores de serviços e governo, apenas para citar algumas (Avelino et. al., 2013; Albuquerque & Souza, 2017).
A corrupção no setor público da saúde pode ter várias formas (sobre as formas de corrupção, ver Aula 1, Módulo 1), apresentar diversos significados e envolver desde o “clássico” suborno até o comprometimento endêmico de todo um sistema. As formas de corrupção no setor público da saúde são bem variadas e abrangem desde a pequena corrupção até a grande corrupção e a corrupção política.
Tipos Mais Comuns de Condutas Corruptas
O setor da saúde se caracteriza pela diversidade e multiplicidade de atores e seus distintos elos de contato: planos de saúde, fornecedores de suprimentos, hospitais, pacientes, profissionais de saúde e governos. A complexidade e multiplicidade do setor da saúde dificultam o combate à corrupção. Na verdade, não é possível uma abordagem única ao combate da corrupção para o setor da saúde. Alguns tipos de condutas corruptas são mais comuns do que outros no setor da saúde (TI, 2006; UNDP, 2011). São eles:
- Absentismo: não comparecer ao hospital, posto de saúde ou consultório durante o horário de trabalho.
- Corrupção nas Compras Governamentais: as licitações podem englobar vários tipos de comportamentos corruptos, da propina e do suborno, à fraude e ao conluio de fornecedores, entre outros.
- Desfalque: desvio de dinheiro, bens ou valores públicos que o funcionário administra ou guarda em decorrência do cargo público.
- Favoritismo: privilegiar grupo social, religioso etc.
- Fraude: alterar documentos, informações propositadamente para assegurar ganhos privados ilegais, tais como: notas fiscais falsas, pacientes “fantasmas” ou serviços “fantasmas”, desvio de contas a receber etc.
- Manipulação de Dados: dados coletados de modo inadequado ou não coletados ou ainda dados manipulados para que as informações verdadeiras não apareçam.
- Pagamentos Informais: pagamentos aos provedores de saúde por serviços que deveriam ser gratuitos.
- Peculato e Roubo: roubar ou usar propriedade de terceiro, como equipamentos, veículos, medicamentos, para uso pessoal ou em consultório médico particular e até mesmo para a revenda, com ou sem lucro.
- Propina: valor em dinheiro ou outra forma de incentivo, prometido, oferecido ou dado em troca de uma ação ou conduta por parte de agente governamental.
- “Venda” de Cargos Governamentais: quando um agente público da alta administração requer pagamento agentes públicos hierarquicamente inferiores para a manutenção de seus cargos.
Referências
Albuquerque, A., & Souza, C. (2017). Corrupção na saúde no Brasil: reflexão à luz da abordagem baseada nos Direitos Humanos. Revista Brasileira De Bioética, 13, 1-17.
Avelino, G., Barberia, L. G, & Biderman, C. (2013). Governance in managing public health resources in Brazilian municipalities. Health Policy and Planning. 28, 1-9.
Barbosa, A. P. & Malik, A. M. (2015). Desafios na organização de parcerias público-privadas em saúde no Brasil. Análise de projetos estruturados entre janeiro de 2010 e março de 2014. Rev. Adm. Pública, 49(5), 1143-1165.
Brasil. (2008). Constituição Federal.
Brasil. (1990). Lei Complementar nº 8.080 sobre as condições para a promoção, proteção e recuperação da saúde, a organização e o funcionamento dos serviços correspondentes.
Brasil. (1990). Lei Complementar nº 8.142 sobre a participação da comunidade na gestão do Sistema Único de Saúde (SUS) e sobre as transferências intergovernamentais de recursos financeiros na área da saúde.
Di Pietro, M.S.Z. (2007). Direito administrativo, 20ª ed., São Paulo: Atlas.
Hachem, D. W. (2014). Direito fundamental ao serviço público adequado e capacidade econômica do cidadão – Repensando a universalidade do acesso à luz da igualdade material. R. de Dir. Administrativo & Constitucional. 14(55), 123-158.
Hussmann, K. (2020). Health sector corruption. Practical recommendations for donors. U4 Issue, 10.
Instituto Ética Saúde, IES. (2020). Fraudes na Saúde geram prejuízo de mais de R$ 14,5 bilhões por ano no Brasil, estima Instituto Ética Saúde, Instituto Ética Saúde, Notícias.
OMS. (2010). Relatório Mundial da Saúde. Financiamento dos sistemas de saúde. O caminho para a cobertura universal.
Transparency International, TI. (2006). Global corruption report. London, Ann Arbor, MI: Pluto Press.
UNDP. (2011). Fighting corruption in the health sector methods, tools and good practices. New York: UNDP
Objetivos de Aprendizagem
- Descrever as causas da ineficiência na saúde
- Discutir os fatores que causam a corrupção na saúde no setor público
- Identificar as principais condutas corruptas na saúde no setor público
Exercícios
Atividade Prévia 1
Para que os alunos compreendam os desafios práticos e reais que o setor da saúde enfrenta sobre os temas de corrupção, compliance e cultura organizacional preparamos um Questionário, com 28 questões, que o docente pode pedir aos alunos que seja respondido antes do início do curso. O questionário está disponível no seguinte link: https://pt.surveymonkey.com/r/P6R53LD
As informações prestadas pelos alunos são anônimas e confidenciais.
Caso o docente queira aplicar o questionário e ter acesso às respostas dos alunos, para melhor compreender o universo dos alunos, pedimos que nos envie um e-mail no ethics@fgv.br, que encaminharemos um link especial e compartilharemos os resultados referentes a esses alunos. Seria interessante, também, aplicar o questionário customizado antes do início das aulas e fazer a aplicação quando do término da aulas. Os resultados do questionário podem servir como indicadores de aprendizado para o docente e a instituição.
Atividade Prévia 2
Assista o vídeo What is corruption? (2018), do professor Phil Nichols, da Universidade da Pensilvânia (15 minutes), com legendas em português. Este vídeo faz parte de um curso online sobre corrupção preparado pela Universidade da Pensilvânia, e está disponível na plataforma de ensino Coursera.
Pergunta:
Você conhece um caso recente de corrupção no setor da saúde? Quais as causas que levaram a corrupção a acontecer neste caso?
Atividade Prévia 3
Peça aos estudantes para fazerem uma busca na internet, nos jornais ou na mídia em geral sobre vários casos de corrupção na saúde no setor público (eles precisam selecionar pelo menos cinco casos de corrupção diferentes). Peça aos alunos que analisem os casos e respondam então às seguintes questões:
- Quem foram as vítimas nos casos selecionados?
- Quais as principais causas da corrupção nesses casos?
- Quais são os impactos negativos da corrupção para a sociedade e para o país como um todo?
Exercício 1 – Definindo Setor Público
Divida os alunos em grupos e peça que cada grupo defina “setor público” e na sequência que procurem casos relacionados à corrupção no setor público (pelo menos três casos por grupo, eles podem buscar os casos na internet ou podem usar casos que eles já tenham conhecimento). O representante de cada um dos grupos deve apresentar brevemente os casos para os demais grupos. Depois que todos os representantes tiverem feito a apresentação dos casos, peça que cada grupo analise as áreas do setor público que eles acham que são as mais corruptas, partindo dos próprios casos trazidos pelos alunos. Na modalidade presencial, o docente pode utilizar um bloco de notas adesivas para anotar as áreas do setor público mais expostas à corrupção, que depois são reunidas no quadro para discussão. O mesmo pode ser feito através das ferramentas Mentimeter ou Kahoot!
Discuta o tema corrupção na saúde e o setor público com os alunos, após ter dado algum tempo para os grupos analisarem o tema, através das seguintes perguntas:
- Quais os tipos de corrupção mais usuais na saúde?
- Como a corrupção afeta o setor público ?
- Como a corrupção afeta saúde ?
- Por que você acha que as pessoas são corruptas?
- Como diminuir a corrupção?
- O que que pode ser feito em relação à corrupção no seu país?
- Como proceder diante de colegas corruptos?
Diretrizes para os Docentes
Divida os alunos em grupos de 4-5 alunos. Este exercício tem por objetivo auxiliar os alunos a identificar a corrupção no setor público e compreender que o setor da saúde é um dos setores mais exposto à corrupção. Na modalidade presencial, o exercício pode também ser mais dinâmico com a utilização de um bloco de notas adesivas, que depois são reunidas no quadro para discussão. A mesma dinâmica pode ser realizada por meio de ferramentas digitais, como o Mentimeter, o Kahoot! e outros.
Caso a discussão do tema seja muito delicada, dependendo de circunstâncias particulares, que faça com que os estudantes não se sintam à vontade para discutir abertamente sobre o tema, é possível considerar o uso de ferramentas online, como o Poll Everywhere, para obter as respostas dos estudantes, anonimamente, e, na sequência, discuti-las com a classe. Na modalidade de aula online, além do aplicativos acima, se pode aproveitar os sistemas de poll das plataformas de ensino à distância (ex. Zoom).
Exercício 2 – A Máfia das Próteses: Debate
Exibição do vídeo A Máfia das Próteses (22 minutos), que traz uma reportagem sobre o escândalo de corrupção conhecido por Máfia das Próteses, no qual médicos chegavam a faturar R$ 100 mil por mês no esquema que desviava dinheiro do SUS e encarecia os planos de saúde. Em muitos casos, eram cobrados produtos pelos médicos que sequer eram usados.
Diretrizes para os Docentes
Ao final da exibição o docente deve iniciar um debate sobre a reportagem, com uma das questões a seguir:
- Quem são as maiores vítimas dos casos de corrupção na saúde?
- Como os alunos reagiriam diante de um caso similar próxima a eles?
Caso os estudantes não se sintam à vontade para discutir essas questões, em especial a segunda, o docente pode usar o Poll Everywhere ou outras plataformas semelhantes, para obter as respostas dos estudantes, preservando o anonimato. Na modalidade de aula online, além do aplicativo acima, se pode aproveitar os sistemas de poll das plataformas de ensino à distância (ex. Zoom).
Outro ponto relevante que o docente pode abordar é resgatar questões relacionadas às causas da corrupção na saúde, tais como a complexidade dos atores; a assimetria de informações e o montante elevado dos recursos financeiros. A discussão pode ser direcionada para o SUS e como essas causas podem levar a novos casos reais de corrupção no SUS.
Estrutura de Aula
Introdução (5 minutos)
Boas-vindas e apresentação da aula ressaltando os principais temas que serão tratados na aula.
Condução do Exercício 1 (25 minutos)
Logo após a Introdução, o docente realiza o Exercício 1. Explore uma ou mais questões sugeridas para este exercício.
Condução do Exercício 2 (55 minutos)
Assista o vídeo com os alunos (22 minutos) e incentive o debate das questões do Exercício 2, explorando as duas questões norteadoras:
- Quem são as maiores vítimas dos casos de corrupção na saúde?
- Como os alunos reagiriam diante de um caso similar próxima a eles?
Coloque em evidências as vítimas da corrupção e a reação diante da proximidade da corrupção.
Conclusão (5 minutos)
Término da aula colocando em evidência os objetivos de aprendizagem resultantes dos casos discutidos em sala.
Leitura Obrigatória
Araujo, M. A. D. (2010) Responsabilização pelo controle de resultados no sistema único de saúde no Brasil. Revista Panam Salud Publica, 27(3), 230-236.
Tribunal de Contas da União. (2020). Quanto a União gastou com saúde? 18 de novembro de 2020.
Freitas Júnior, L R. de; Medeiros, C. R. de O. (2018). Estratégias de racionalização da corrupção nas organizações: Uma análise das declarações de acusados em casos de corrupção no Brasil. Revista de Ciências da Administração, p. 8–23.
Legislação
Convenção das Nações Unidas contra a Corrupção. Convenção da ONU contra a Corrupção.
Lei Anticorrupção dos Estados Unidos da América. Foreign Corrupt Practices Act – FCPA.
Lei Complementar nº 8.080 sobre as condições para a promoção, proteção e recuperação da saúde, a organização e o funcionamento dos serviços correspondentes.
Lei Complementar nº 8.142 sobre a participação da comunidade na gestão do Sistema Único de Saúde (SUS) e sobre as transferências intergovernamentais de recursos financeiros na área da saúde.
Decreto 8.420/2015 sobre responsabilização administrativa de pessoas jurídicas pela prática de atos contra a administração pública, nacional ou estrangeira.
Lei nº 12.846/2013 (Lei Anticorrupção) sobre responsabilização administrativa e civil de pessoas jurídicas pela prática de atos contra a administração pública, nacional ou estrangeira.
Lei nº 8.429/1992 (Lei de Improbidade) sobre sanções aplicáveis aos agentes públicos nos casos de enriquecimento ilícito no exercício de mandato, cargo, emprego ou função na administração pública direta, indireta ou fundacional.
OCDE. (2011). Convenção sobre o combate da corrupção de funcionários públicos estrangeiros em transações comerciais internacionais.
Leitura Complementar
Pacheco, H. F., Leal, E. M. M., Gurgel Júnior, G. D., Silva Santos, F. de A. da, & Medeiros, K. R. de. (2020). A accountability das Organizações Sociais no SUS: uma análise do papel institucional do Conselho Estadual de Saúde em Pernambuco. Physis: Revista de Saúde Coletiva, 30(1), 2020.
Savedof, W.D. & Hussmann, K. (2006). Why are health systems prone to corruption? Global corruption report. Transparency International, London, Ann Arbor, MI: Pluto Press, p. 4–16.
Vian, T. (2008). Review of corruption in the health sector: theory, methods and interventions, Health Policy and Planning, 23(2), 83–94.
Avaliação de Aprendizagem
Avaliação Individual
Caso 1
Uma operação do Ministério Público de Minas Gerais (MPMG) desmontou um esquema que teria desviado cerca de R$ 150 mil do poder público, quantia que seria usada no combate à pandemia do novo coronavírus na Zona da Mata mineira.
Caso 2
Médico é preso por cobrar cesarianas cobertas pelo SUS. Outro foi condenado por corrupção passiva, estelionato contra o SUS e violação à lei do planejamento familiar. Pelo esquema, o grupo recebia duas vezes pelos procedimentos realizados: uma vez pago pelas pacientes e outra pelo SUS. Os profissionais enganavam o sistema para poder realizar o procedimento. Alguns pacientes chegaram até mesmo a ter o parto retardado por causa das negociações causando sequelas aos bebês.
Os estudantes deverão ler os dois casos acima e traçar um paralelo entre eles, explorando e analisando as causas da corrupção no setor público na saúde. Eles deverão preparar um relatório do trabalho individual, que deve ter entre 500 a 700 palavras (incluindo capa, referências, anexos, resumo executivo etc.) no formato Times New Roman, tamanho 12, 1,5 linha de espaço.
Avaliação em Grupo
Divida os alunos em grupos de 4-5 alunos. Cada grupo deve entrevistar um agente público que trabalhe já há algum tempo no setor da saúde. Cada grupo deve explorar com o(a) entrevistado(a) os riscos de corrupção que o setor está exposto, assim como a forma de prevenir, detectar e punir a corrupção. Análise ideias inovadoras para diminuir ou mitigar a corrupção na saúde, bem como suas causas. A entrevista deve ser transcrita e cada grupo deve preparar um relatório analítico do resultado dessa entrevista. A privacidade e o anonimato dos entrevistados devem ser assegurados, nos termos dos códigos de ética da instituição de ensino. O relatório deve ter entre 600-1500 palavras (nesse número de palavras não está incluída a transcrição da entrevista que será mantida a parte, em anexo), no formato Times New Roman, tamanho 12, espaço entre linhas 1,5.
Outras Ferramentas de Aprendizagem
Para ajudar o docente a tratar do tema deste módulo educacional 1, esta parte inclui slides de PowerPoint, sugestões de filmes, séries, documentários e podcasts e outras ferramentas de ensino que poderão ser ou não utilizadas pelo docente, de acordo com suas necessidades.
Power Point
Clique aqui para o PPT.
Cursos Online
Curso gratuito, na plataforma de ensino Coursera em inglês, What is Corruption: Anticorruption and compliance. O curso foi preparado pela Universidade da Pensilvânia.
Netflix
Na Rota do Dinheiro Sujo.
Série baseada em casos de reais de corrupção organizada, ou seja, é uma forma de corrupção mais próxima do crime organizado. Os temas principais da série são sempre relacionados com a corrupção corporativa.
Narcos
Série baseada na vida do notório traficante colombiano Pablo Escobar na Colômbia dos anos 1980. Além de retratar o panorama sombrio do mundo do tráfico de drogas, a série mostra claramente a corrupção sistêmica que reinava no país, em níveis da administração pública.
Ozark
Série baseada num consultor financeiro que se muda com a família para a região próxima ao lago de Ozark e se envolvem com transações de lavagem de dinheiro proveniente do tráfico de drogas.
President
Série baseada num político ambicioso na sua jornada para conquistar a presidência do país enquanto lida com assuntos complicados de família e da corrupção na política.
Filmes
Clube de Compras Dallas (2013). O texano Ron Woodroof é diagnosticado com AIDS e logo começa uma batalha por não conseguir o tratamento com AZT e passa a contrabandear drogas ilegais do México, por meio de esquemas de suborno.
O Jardineiro Fiel. (2005). Envolve uma trama surpreendente entre hospitais, governo e indústria farmacêutica para testarem medicamentos em seres humanos de forma ilegal.
Serpico. (1973). Franck Serpico é um policial jovem e idealista que não aceita receber dinheiro oriundo de extorsão na Nova Iorque dos anos 70. Ele passa a ser rejeitado pelos colegas, em razão de sua indignação com a corrupção generalizada de seus colegas, e coloca em risco a própria vida.
Syriana (2005). Este filme é inspirado na história verídica do ex-agente da CIA Robert Baer e se passa no Oriente Médio. O filme aborda maquinações da indústria petrolífera e a teia global de corrupção.
Todos os Homens do Presidente (1976). Trata do caso Watergate, que resultou na renúncia do presidente dos Estados Unidos da América, Richard Nixon. O escândalo Watergate inicia com a invasão do edifício Watergate, aparentemente por ladrões, mas que na verdade era a ponta de um complexo caso de espionagem política, envolvendo uma teia de corrupções.
Podcast
Durma com essa. A sequência de suspeitas em contratos da pandemia. Sobre as apurações de corrupção na compra emergencial de insumos e equipamentos e na construção de hospitais de campanha durante a pandemia da Covid-19.
Rádio
Rádio USP. 3% do orçamento da saúde são desviados em esquemas de corrupção (2019). Sobre os escândalos de corrupção no setor têm sido recorrentes no noticiário nacional no que ficou conhecido como a Máfia das Próteses e com as conclusões do presidente do quarto Congresso Nacional de Órteses, Próteses, Materiais Especiais (OPMED) e como os sistemas de saúde reagiram e criaram novos procedimentos para a recomendação e compra de próteses.
YouTube
A Corrupção Prejudica a Saúde dos Brasileiros – 2014. Pesquisa realizada pelos professores George Avelino, Lorena G. Barberia e Ciro Biderman (2014) sobre o impacto da corrupção na saúde dos municípios brasileiros.
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