Geografia do Pix: Como o Sistema de Pagamentos Instantâneos Redesenha o Mapa Financeiro do Brasil

March, 2025

Autor(es)

Fabricio M. Trevisan
Lauro Gonzalez
Eduardo H. Diniz
Adrian Cernev

Por Leonardo Martins de Oliveira, pesquisador do FGVcemif.

Desde sua criação pelo Banco Central em novembro de 2020, o Pix transformou a maneira como os brasileiros realizam pagamentos. Agora, um estudo recém-divulgado por Fabricio Trevisan, Lauro Gonzalez, Eduardo Diniz e Adrian Cernev lança luz sobre a geografia do Pix no país, analisando a adesão e os padrões de uso em diferentes regiões e municípios ao longo de 2024.

O Crescimento Vertiginoso do Pix

Em apenas quatro anos, o Pix superou o dinheiro em espécie como o meio de pagamento mais utilizado no Brasil. Segundo o Banco Central, mais de 150 milhões de pessoas físicas já realizaram pelo menos uma transação via Pix. O estudo *Geografia do Pix* busca compreender como esse crescimento se distribui territorialmente e quais fatores influenciam seu uso.

Disparidades Regionais: Quem Mais Usa o Pix?

A pesquisa revela que a taxa média nacional de adesão ao Pix é de 63%, ou seja, quase dois terços da população realizou pelo menos uma transação mensal em 2024. Contudo, existem diferenças expressivas entre estados e regiões:

- Distrito Federal lidera com a maior adesão (77,9%), seguido de São Paulo (70,49%) e Amapá (71,56%).
- Piauí tem a menor adesão, com apenas 54,7% da população utilizando o sistema regularmente.
- Estados das regiões Norte e Nordeste, apesar de apresentarem adesão inferior à média nacional, registram frequência de uso elevada.

Os pesquisadores destacam que, em regiões de menor renda, aqueles que aderem ao Pix tendem a utilizá-lo com mais frequência do que em estados mais ricos.

A Intensidade de Uso: Quantidade e Valor das Transações

Outro indicador analisado no estudo foi o número médio de transações por usuário. Em 2024, os brasileiros realizaram, em média, 32 transações Pix por mês. O Amazonas lidera esse ranking, com 47 transações mensais por usuário, enquanto Santa Catarina registra o menor índice (25 transações por usuário/mês).

Já o valor médio das transações varia consideravelmente:
- Regiões de maior renda, como Sul e Sudeste, registram valores médios mais altos (R$ 223,84 e R$ 208,80, respectivamente).
- No Norte e Nordeste, onde a frequência de uso é maior, o valor médio por transação é menor (R$ 147,58 e R$ 151,47, respectivamente).
- O Amazonas exemplifica esse fenômeno: enquanto seus habitantes realizam mais transações, o valor médio de cada uma delas é de apenas R$ 120,53, refletindo um uso cotidiano e de menor valor agregado.

O Caso Excepcional de Pacaraima

Um dos achados mais surpreendentes do estudo foi o município de Pacaraima, em Roraima, que apresentou um índice de adesão ao Pix superior a 500%. Com apenas 19.305 habitantes registrados no Censo de 2022, a cidade teve uma média de 106.104 usuários Pix por mês em 2024. Esse fenômeno, segundo os pesquisadores, está diretamente ligado ao fluxo migratório de venezuelanos que utilizam o sistema para transferências e pagamentos.

Implicações e Futuro do Pix

Os resultados do estudo sugerem que o Pix não apenas se consolidou como ferramenta essencial no cotidiano financeiro do brasileiro, mas também reflete desigualdades regionais. Regiões de menor renda adotam o sistema com intensidade, mas com transações de valores menores. Já estados mais ricos apresentam uma adesão elevada, porém com menor frequência de uso.

Para os pesquisadores, entender a geografia do Pix pode ajudar a orientar políticas públicas e estratégias do setor financeiro, promovendo inclusão e eficiência no sistema de pagamentos. O estudo também abre caminho para investigações futuras sobre os impactos do Pix na economia informal, no comércio e na mobilidade financeira no Brasil.

O link com o slide e os dados do estudo pode ser acessado abaixo.

Geografia do Pix

Ensino

Nosso website coleta informações do seu dispositivo e da sua navegação e utiliza tecnologias como cookies para armazená-las e permitir funcionalidades como: melhorar o funcionamento técnico das páginas, mensurar a audiência do website e oferecer produtos e serviços relevantes por meio de anúncios personalizados. Para mais informações, acesse o nosso Aviso de Cookies e o nosso Aviso de Privacidade.