Iniciado em 2007, o trabalho é derivado do modelo "Juruti Sustentável", uma proposta de desenvolvimento local para o município, que à época vivenciava a chegada de um empreendimento de mineração da Alcoa na região. O primeiro monitoramento, publicado em 2009, apontou caminhos e tendências nos mais diversos temas - saúde, educação, população, meio ambiente, agricultura e pecuária, desenvolvimento econômico, entre outros -, tendo como base o ano de 2008. Esta segunda edição apresenta informações atualizadas até 2010.
A iniciativa é fundamentada na crença de que o processo de construção de indicadores e o acompanhamento das transformações sociais, econômicas e ambientais de uma região estimula a reflexão coletiva sobre a realidade local, promovendo um ambiente de aprendizado que favorece o empoderamento humano e social, e instrumentaliza o planejamento estratégico das instituições públicas e privadas. Os indicadores também enviam uma importante mensagem a outros municípios brasileiros que hospedam ou vão hospedar grandes empreendimentos. Como preparar as regiões para as transformações que vão enfrentar? Como aproveitar as oportunidades para garantir um desenvolvimento de qualidade para todos?
Muitos foram os avanços na coleta de dados. As informações dos temas Saúde, Educação e Grupos Sociais Vulneráveis estão mais atualizadas e robustas. Na Segurança, uma parceria entre instituições reuniu as ocorrências de forma organizada. Um levantamento em 198 das 207 comunidades rurais traz informações de infraestrutura comunitária, religião e manifestações culturais da região. Na área de desenvolvimento agrícola e pesqueiro, as conquistas foram importantes. Esta publicação apresenta o retrato das condições de vida e de produção de pescadores de agricultores jurutienses, ainda que com uma amostra pequena. Mas a metodologia desenvolvida pode e deve ampliar o monitoramento destes temas no futuro. Foi possível enriquecer informações sobre cultura, esporte, turismo e lazer, áreas em que o desafio de coleta de dados é enorme, no Brasil e no mundo. Por trás de cada indicador há uma história de avanço e superação, e do suor de muitos jurutienses engajados em melhorar a qualidade dos indicadores.
A prática da leitura e as discussões coletivas em torno dos dados são outro rico resultado do trabalho. Os Indicadores de Juruti foram um despertar para muita gente. Cerca de 600 jurutienses envolveram-se em oficinas e rodas de conversas. No meio rural, comunitários engajaram-se para pensat em formas de envolver melhor os pais nas questões escolares, diante dos indicadores de vulnerabilidade social. Também refletiram sobre o êxodo rural e suas consequências na produtividade e economia agrícola. E resgataram, por meio da compreensão dos dados e gráficos, a auto-estima e a valorização de cada um como cidadão de Juruti. Na cidade, servidores e colaboradores de diversas instituições públicas e privadas discutiram não apenas as principais questões do município, como também a importância de registrar seus dados, para que com a análise conjunta possam dar mais qualidade ao planejamento estratégico de suas instituições. E os universitários usaram intensamento os dados para suas pesquisas e trabalhos afins.
A ferramenta também se mostrou ser preciosa para a formação de crianças e jovens. Os professores e coordenadores pedagógicos, com criatividade e espírito inovador, propuseram - e vêm implementando - os mais variados usos para os indicadores nas escolas, certos de que aprende-se melhor quando diante da própria realidade e história. As ideias incluem o uso em sala de aula e a construção de indicadores da escola, comunidade ou bairro.