Construindo a participação em agendas para cidades sustentáveis

Março, 2017

Se há uma porta de entrada rápida no debate sobre o futuro comum da humanidade, é saber que a população crescerá até meados deste século a patamares nunca antes vistos, que será cada vez mais urbana, e que esse modo de vida em espaços ao mesmo tempo adensados e agigantados se deparará cada vez mais com limites impostos pelos sistemas ecológicos. É como dizer que os problemas conhecidos agora se multiplicam em escala e adicionam ainda complicadores inéditos.

Mas a cidade é também uma poderosa plataforma de encontros. Como ilustrou o urbanista Richard Florida, um hardware capaz de rodar o software da criatividade. Regiões como a América Latina e o Caribe, ao experimentarem o fenômeno da urbanização em ritmo ainda mais veloz, com taxas de 80% em alguns países, oferecem vertedouros de inovação no campo do planejamento urbano, pari passu com o mundo desenvolvido.

É com essa missão que precisa ser entendida a participação social nas rotas que levam ao desenvolvimento sustentável. Não como formalidade, entrave ou demagogia, mas como o reconhecimento da impossibilidade de se propor soluções efetivas sem acessar o vasto caldo de inteligência que se forja nas inumeráveis formas de viver a cidade e superar desafios cotidianos. Mais ainda quando os objetivos da cidade sustentável coadunam os pressupostos de eficiência e saúde ambiental com a inclusão. Nada mais contraditório que imaginar promover o acesso equitativo a recursos e oportunidades sem um processo que mimetize esse mesmo objetivo, ampliando-se a arena de atuação política, incluindo-se vozes e interesses diversos na busca de prioridades comuns.

Fruto de um percurso de sete meses, em que se buscou mergulhar nos componentes da sustentabilidade urbana, este projeto se depara com um painel de múltiplas pautas, mas concentra-se em um fio condutor que atravessa todas elas: novos modelos de governança e tecnologias sociais participativos para a confecção de agendas voltadas a cidades sustentáveis. A observação de quatro casos práticos em que se deram ambientes de cocriação permite coletar alguns aprendizados e projetar desafios para uma trajetória de longo prazo.

O resultado desses sete meses de trabalho é, assim, também um convite para se pensar em como colocar em prática tais lições e como torná-las em ações – e transformações – na vida real de contínua construção e reconstrução das cidades que queremos.

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