Projeto de pesquisa aplicada gera diretrizes para promover iniciativas de agricultura urbana e restauração de ecossistemas em Manaus

  • Sustentabilidade

Projeto de pesquisa aplicada gera diretrizes para promover iniciativas de agricultura urbana e restauração de ecossistemas em Manaus

16.06.2025

Documento técnico foi lançado no Dia Mundial do Meio Ambiente e entregue à gestoras e gestores públicos junto com uma minuta de projeto de lei para integrar a agricultura urbana às políticas públicas locais  

Em 05/06, Dia Mundial do Meio Ambiente, a cidade de Manaus foi palco do evento "Floresta à Mesa: agricultura urbana e restauração de ecossistemas em Manaus", que marcou um momento estratégico para fortalecer o diálogo intersetorial e consolidar a agricultura urbana como uma agenda pública prioritária.  

Organizado no âmbito do projeto internacional “Geração Restauração”, o evento teve como principal objetivo apresentar as recomendações políticas construídas coletivamente para impulsionar a agricultura urbana e periurbana como vetor de restauração ambiental, inclusão social e segurança alimentar em Manaus.  

O documento “Floresta à Mesa: agricultura urbana e restauração de ecossistemas em Manaus” foi oficialmente lançado durante a programação, com diretrizes para criação de um marco legal municipal e outras propostas integradas às políticas públicas locais. Acesse o documento em: bit.ly/floresta-a-mesa 

O projeto Geração Restauração Cidades é promovido globalmente pelo Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente e executado localmente pelo FGVces, em parceria com a Secretaria Municipal de Meio Ambiente e Sustentabilidade de Manaus (SEMMAS). 

Para o representante do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente, Alberto Pacheco Capella, a agricultura urbana e periurbana surge como uma resposta transformadora, ajudando a resfriar nossas cidades, melhorar a qualidade do ar e trazer a biodiversidade de volta aos centros urbanos – onde ela é tão necessária. "Estamos falando de um modelo que coloca as cidades no centro de ações tangíveis para enfrentar os desafios climáticos, valoriza saberes locais, cria empregos verdes e reduz emissões de gases de efeito estufa. É um caminho para cidades mais sustentáveis e resilientes”, ressalta.  


Lideranças no lançamento do documento.

 

Jéssica Chryssafidis, pesquisadora do Centro de Estudo em Sustentabilidade e gestora do projeto, destaca a relevância do documento lançado e explica como a cidade de Manaus pode se beneficiar com o fortalecimento da pauta: “Apesar das iniciativas já existentes, a agricultura urbana em Manaus ainda opera à sombra de seu verdadeiro potencial. Para mudar esse cenário, as ações propostas visam apoiar a estruturação de uma política pública municipal, fortalecer sua governança, ampliar o acesso à terra e aos recursos e garantir sua integração ao planejamento urbano. Mais do que um mapa distante de possibilidades inalcançáveis, o documento traça um caminho viável e estratégico, propondo o próximo passo para a cidade".  

 

Projeto também busca fortalecer parcerias  

Além de sensibilizar e engajar a sociedade sobre o papel transformador da agricultura urbana na restauração de ecossistemas, o evento buscou fomentar parcerias entre o poder público, a sociedade civil e organismos internacionais, promovendo a integração das recomendações nas diferentes esferas das políticas públicas de Manaus.  

Na mesa de abertura, o Secretário do Meio Ambiente de Manaus François Matos destacou a importância da integração da agenda, dando o exemplo da implantação de hortas e árvores frutíferas em escolas, para trabalhar educação ambiental e contribuir para a redução de ilhas de calor. Já Tatiane Vieira, do PNUMA, ressaltou que estamos na década da ONU da restauração de ecossistemas, e destacou a identidade amazônida de Manaus e sua capacidade para cruzar com facilidade as agendas de restauração de ecossistemas e agricultura. Por fim, a representante do MDS, Jaqueline Lima, ressaltou a urgência e grande contribuição que a agenda tem para a segurança alimentar e nutricional em Manaus, onde mais de 1 milhão de pessoas vivem hoje em desertos alimentares em Manaus, segundo mapeamento realizado no âmbito da Estratégia Alimenta Cidades. 

Na ocasião, Jessica Chryssafidis, gestora do projeto no FGVces, entregou em mãos o documento “Floresta a mesa” e uma minuta de projeto de lei para agricultura urbana e periurbana às autoridades presentes. Ambos os documentos entregues partem de bases sólidas, que unem pesquisa de ponta à importante contribuição participativa de um Grupo de Trabalho constituído no âmbito do Projeto, com mais de 35 atores locais de diferentes secretarias municipais e sociedade civil organizada, garantindo as bases identitárias do território. 

 

Como o projeto começou e atividades já realizadas  

Jéssica mostrou um gráfico realizado a partir de um estudo de 2023, com 67 municípios brasileiros, que diagnosticou como as cidades estão trabalhando a pauta da agricultura urbana e periurbana. Em uma escala composta por três estágios de maturidade, Manaus apresentou um posicionamento inicial na agenda. O projeto ‘Restauração de Ecossistemas urbanos”, iniciado há um ano, foi proposto neste contexto, visando fortalecer a coordenação das políticas públicas, governança e engajamento comunitário com foco na agricultura urbana e periurbana. 

Ao longo dessa trajetória, o projeto gerou um conjunto de 30 indicadores para monitorar e avaliar o avanço da agenda em diferentes secretarias municipais, abrangendo as dimensões social, ambiental, humana e econômica. Além disso, uma das frentes incluiu a formação de 20 lideranças da gestão pública e sociedade civil em temas ligados à restauração e agricultura urbana, e foi neste contexto que o texto-base da lei municipal foi discutido.  

Foram também realizadas três oficinas locais para sensibilização e engajamento de comunidades de quatro territórios diferentes de Manaus, onde mais de 240 participantes discutiram sobre o bem-viver, os serviços ecossistêmicos da agricultura urbana, mas também atividades práticas e demonstrativas sobre compostagem, hortas agroflorestais, criação de abelhas nativas e permacultura.  


Público presente no evento de lançamento do documento

 

Ferramenta de apoio para a gestão 

Outro resultado do projeto foi o desenvolvimento de uma ferramenta para auxiliar gestores/as de diferentes secretarias da prefeitura no planejamento de ações de agricultura urbana e restauração. 

Construída em parceria com a Secretaria Municipal de Finanças (SEMEF), a partir de um mapa participativo com tipos de áreas para implantação de agricultura urbana e restauração, a ferramenta apresentada durante o evento  é integrada ao sistema Geocolaborativo de Manaus e reúne 26 diferentes camadas, como unidades de conservação, infraestrutura municipal, áreas degradadas e até ilhas de calor.  

 

Valorização dos sabres e culturas tradicionais  

Para fechar o evento, foi realizada uma roda de conversa para discutir potencialidades e desafios de aliar a produção de alimentos com a regeneração de ecossistemas no contexto urbano de Manaus. Participaram dessa sessão: Deyvson Braga (SEMMAS), Elisa Wandelli (EMBRAPA Amazônia ocidental) e Gabriel Verçosa (instituto de ciências periféricas), com moderação do FGVces.   

Ficaram evidentes mensagens como a importância do envolvimento da sociedade civil, do acesso à terra e da valorização de espécies amazônicas e das Plantas alimentícias não convencionais (PANC), além da valorização dos saberes e culturas dos povos e comunidades tradicionais.  

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