Documento foi elaborado pelo Centro de Estudos em Sustentabilidade da EAESP-FGV e tem como público-alvo gestores públicos, empresas e outros atores da cadeia de alimentos. Grupo Carrefour Brasil e Fundação Carrefour são os apoiadores do projeto

Embora agricultura orgânica e as práticas agroecológicas sejam reconhecidas como fundamentais para garantir disponibilidade e acesso a alimentos saudáveis, conservar os recursos naturais e minimizar os impactos da atividade agrícola sobre o clima, os agricultores familiares enfrentam uma série de desafios para adotar formas de manejo alternativas às convencionas.

Estes desafios decorrem de lacunas no âmbito das políticas públicas e de dinâmicas de mercado que levam à desvalorização da agricultura familiar e à concentração de poder na cadeia de valor.

"Para superá-los, é preciso uma atuação conjunta entre os diversos atores ligados à agenda de agricultura e alimentação", aponta Taís Brandão, gestora de projetos do FGVces e coordenadora técnica do documento Converte-se: Promovendo a conversão à produção orgânica pela agricultura familiar – Recomendações para a cadeia (clique aqui para acessar).

Produzido com a participação de mais de 70 representantes de diversas organizações e atores ligados à agenda de agricultura orgânica, o material lançado pelo FGVces traz recomendações em três grandes frentes para promover a conversão à produção orgânica por agricultores familiares e contribuir para tornar a cadeia de alimentos favorável ao processo de conversão por esse público:

1. Assistência técnica e extensão rural para a conversão;
2. Mercados adequados à agricultura familiar orgânica e em conversão;
3. Fortalecimento de políticas de fomento à cadeia de alimentos orgânicos.

Cada frente ou tema traz um conjunto de objetivos gerais, que se desdobram em objetivos específicos, que, por sua vez, se desdobram em ações estruturantes. Veja exemplo abaixo:

Impacto esperado

Especificamente, espera-se que as recomendações:

• Inspirem a formulação e implementação de políticas públicas que assegurem as condições necessárias para que agricultores familiares adotem sistemas orgânicos de produção e diferenciem seus produtos em mercados que reconheçam seu valor;

• Fomentem o surgimento e a multiplicação de modelos de negócio que tem em seu cerne o fortalecimento da agricultura familiar orgânica e agroecológica e a democratização do acesso a estes alimentos;

• Contribuam para que a atuação do Estado, das instituições privadas e as dinâmicas de mercado estejam alinhadas e orientadas ao fortalecimento da agroecologia e da agricultura familiar orgânica, em um movimento essencial para que seja possível a transição para sistemas alimentares mais justos e resilientes.

Vale ressaltar que as recomendações constituem uma das frentes do projeto, a de Articulação. Há também a Frente de Campo, que busca contribuir diretamente para o processo de conversão à produção orgânica e o acesso a mercados por agricultores familiares por meio da realização de oficinas.

Para isso, a equipe do projeto mobilizou dez grupos de agricultores familiares localizados na cidade de São Paulo e em municípios do entorno. De março a outubro de 2022, eles participam de um ciclo de oficinas focadas no processo de conversão à produção orgânica, na obtenção da certificação orgânica e no acesso a mercados qualificados.

Após este processo formativo, serão realizados encontros de aproximação comercial entre os agricultores e mercados de interesse.

Ao final do projeto, em novembro de 2022, será lançada uma publicação com conteúdo aprofundado sobre as recomendações construídas na frente de articulação, e sobre a jornada de formação e acesso a mercado conduzida junto aos agricultores na frente de campo do projeto Converte-se.

Crédito da imagem: Fellipe Abreu