ECONOMIA DIGITAL E INOVAÇÃO
Os desafios da economia digital para o Brasil vêm crescendo cada vez mais e já fazem parte da agenda das empresas e dos governos. A competitividade das empresas brasileiras e do país está sendo colocada em cheque frente a um cenário de uso crescente das tecnologias disruptivas.
Os estudos e diagnósticos sobre o tema mostram um quadro de atraso do Brasil frente a países desenvolvidos e algumas economias emergentes, como a da China. Por outro lado, indicam que há oportunidades abertas pelas tecnologias digitais e grandes desafios pela frente, pois é preciso desenvolver um novo ecossistema de inovação no país.
Torna-se premente uma questão: como se comportarão as empresas multinacionais e suas subsidiárias no contexto da economia digital? No Brasil, elas desempenharam um papel histórico como agentes de inovação desde os anos 50. Com as novas tecnologias digitais, a tendência é que a inteligência e os processos de decisão se reconcentrem nas matrizes e países de origem. Com isso, as subsidiárias instaladas no Brasil, que respondem por grande parcela do desenvolvimento dos setores de alta tecnologia, podem perder o protagonismo.
Neste projeto, estudamos o papel atual e futuro a ser desempenhado pelas empresas multinacionais brasileiras neste cenário de inovações. Por sua inserção internacional, essas empresas estão expostas a um cenário mais competitivo e à inserção em ecossistemas de inovação diferentes do nacional. Nossos estudos indicam que as multinacionais brasileiras devem ter papel relevante no novo ecossistema de inovação do país.
Na China, a questão da “repatriação de conhecimento” visando ao avanço da economia local tem sido estudada por pesquisadores e órgãos governamentais. A princípio, o foco era o indivíduo, a saída e retorno de cidadãos aportando novos conhecimentos e competências ao país. Recentemente, observou-se que as empresas chinesas desempenham esse papel: elas se internacionalizam para capturar conhecimento e competências e os transferem para o país de origem, num fenômeno denominado “Springboard effect”.
Em resumo: o objetivo deste projeto é estudar o estágio de desenvolvimento das empresas multinacionais brasileiras em relação à economia digital e sua inserção no ecossistema de inovação brasileiro, além de avaliar o potencial de difusão de inovações por parte dessas empresas. E, por fim, comparar os programas governamentais de apoio às empresas envolvidas (multinacionais e locais) com programas desenvolvidos em outros países emergentes.
O desenvolvimento deste projeto implica na realização de estudos com dados secundários sobre empresas multinacionais brasileiras e suas subsidiárias; estudos sobre processos de internacionalização, investimentos em P&D, número de patentes e parcerias com universidades estrangeiras; survey entre essas empresas, com uso de questionário desenvolvido pelo Fraunhofer e adaptado pelos pesquisadores; estudos de casos sobre o ecossistema de inovação dessas empresas, relações na rede e impactos no país.